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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mediunidade Mental

Um de nossos correspondentes nos escreve de Milianah (Argélia):


"A propósito do desligamento do Espírito que se opera em todo o mundo durante o sono, meu guia espiritual mo exerce durante a vigília. Enquanto o corpo está entorpecido, o Espírito se transporta ao longe, visita as pessoas e os lugares de que gosta, e reentra em seguida sem esforço. O que me parece mais surpreendente é que, enquanto estou como em catalepsia, tenho o sentimento desse desligamento. Também o exerço no recolhimento, o que me proporciona a agradável visita de Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados. Este último estudo não ocorre senão durante a noite, por duas ou três horas, e quando o corpo, repousado, desperta. Permaneço alguns instantes na espera como depois de uma evocação. Sinto então a presença do Espírito por uma impressão física e logo uma imagem que mo faz reconhecer surgido em meu pensamento. A conversação mental se estabelece, como na comunicação intuitiva, e esse gênero de conversa tem alguma coisa de adoravelmente íntimo. Freqüentemente meu irmão e minha irmã, encarnados, me visitam, acompanhados às vezes de meu pai e de minha mãe, do mundo dos Espíritos.
"Há alguns dias apenas, tive a vossa visita, caro mestre, e pela doçura do fluido que me penetrava, acreditei que era um de nossos bons protetores celestes; julgai de minha alegria em reconhecendo, em meu pensamento ou antes em meu cérebro, como o próprio timbre de vossa voz. Lamennais nos deu uma comunicação a esse respeito, e deve encorajar os meus esforços. Eu não saberia vos dizer o encanto que dá esse gênero de mediunidade.
Se tendes junto a vós alguns médiuns intuitivos, habituados ao recolhimento e à tensão de espírito, eles podem tentar do mesmo modo. Evoca-se, e, em lugar de escrever, conversa-se, exprimindo bem a sua ideia, sem verbiagem
"Meu guia, com freqüência, me fez a observação de que tinha um Espírito sofredor, um amigo que vem se instruir ou procurar consolações. Sim, o Espiritismo é um benefício inapreciável; ele abre um vasto campo à caridade, e aquele que é inspirado de bons sentimentos, se não pode vir em socorro de seu irmão materialmente, o pode sempre espiritualmente."
Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certamente não é feita para convencer os incrédulos, porque ela nada tem de ostensiva, nem desses efeitos que ferem os sentidos; ela é toda para a satisfação íntima daquele que a possui; mas é preciso reconhecer também que ela se presta muito à ilusão, e que é o caso de se desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, dela não se poderia duvidar; pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente; porque o nome de pessoas que sentem, no estado de vigília, a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento que sentem não ser o seu, é considerável; a impressão agradável ou penosa que se sente às vezes à vista de alguém que se vê pela primeira vez; o pressentimento que se tem da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento, são também efeitos que se prendem à mesma causa e constitui uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal, porque todos dela possuem pelo menos os rudimentos; mas para sentir-lhe os efeitos marcantes, é preciso uma aptidão especial, ou melhor um grau de sensibilidade que é mais ou menos desenvolvido segundo os indivíduos. A esse título, como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil maneiras diferentes; mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todo mundo obter efeitos idênticos e ostensivos.
Tendo esta questão sido discutida na Sociedade de Paris, as instruções seguintes foram dadas sobre este assunto, por diversos Espíritos.

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Pode-se desenvolver o sentido espiritual, como se vê cada dia uma aptidão se desenvolver por um trabalho constante. Ora, sabei que a comunicação do mundo incorpóreo com os vossos sentidos é constante; ela tem lugar a cada hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. Que os encarnados ousem negar aqui uma lei da própria Natureza!
Vêm de vos dizer que os Espíritos se vêem e se visitam uns aos outros durante o sono: disto tendes muitas provas; por que quereríeis que o mesmo não ocorresse durante a vigília? Os Espíritos não têm noite. Não; constantemente estão ao vosso lado; velam por vós; vossos familiares vos inspiram, vos suscitam pensamentos, vos guiam; eles vos falam, vos exortam; protegem vossos trabalhos, vos ajudam a elaborar vossos desígnios em parte formados, vossos sonhos ainda indecisos; tomam nota de vossas boas resoluções, lutam quando lutais. Estão ali, esses bons amigos, no início de vossa encarnação; riem de vós no berço, vos esclarecem nos vossos estudos; depois se misturam a todos os atos de vossa passagem neste mundo; eles oram quando vêem vos preparar para ir reencontrá- los.
Oh! não, não negueis jamais vossa assistência de cada dia! não negueis jamais
vossa mediunidade espiritual; porque blasfemaríeis Deus, e vos faríeis tachar de ingratidão pelos Espíritos que vos amam.
H. DOZON. (Méd., Sr. Delanne.)



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Já vos foi dito que a mediunidade se revelaria sob diferentes formas. A que vosso Presidente qualificou de mental está bem nomeada; é o primeiro grau da mediunidade vidente e falante.
O médium falante entra em comunicação com os Espíritos que o assistem; fala com eles; seu espírito os vê, ou antes os adivinha; somente ele não faz senão transmitir o que se lhe diz, ao passo que um médium mental pode, se é bem formado, dirigir perguntas e receber respostas, sem intermediário de caneta nem de lápis, mais facilmente do que o médium intuitivo; porque aqui o Espírito do médium, estando mais liberto, é um intérprete mais fiel. Mas para isto é preciso um ardente desejo de ser útil, trabalhar tendo em vista o bem com o sentimento puro de todo pensamento de amor-próprio ou de interesse. De todas as faculdades medianímicas é a mais sutil e a mais delicada: o menor sopro impuro basta para deslustrá-la. Será somente nessas condições que o médium mental obterá provas da realidade das comunicações. Dentro em pouco, vereis surgir entre vós médiuns falantes que vos surpreenderão por sua eloquência e sua lógica.
Esperai, pioneiros que apressastes de ver vossos trabalhos crescerem; novos obreiros virão reforçar vossa fileiras, e esse ano verá terminar a primeira grande fase do Espiritismo e começar uma fase não menos importante.
E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos; que vos sustente, e nos conserve o favor especial que nos concedeu em nos permitindo vos guiar e vos sustentar em vossa tarefa, que é também a nossa.
Como Presidente espiritual da Sociedade de Paris, velo sobre ela e sobre cada um de seus membros em particular, e peço ao Senhor derramar sobre vós todas as suas graças e as suas bênçãos.
S. LUÍS (Méd., Sra. Delanne).




Fonte: Revista Espírita, Março de 1866

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