Blog do CLE Missionários da Luz (o primeiro Clube do Livro Espírita de Olinda- PE), que tem como objetivo reunir os atuais associados, conquistar novos amigos e divulgar a Doutrina Espírita, praticando um dos belos conselhos do Espírito Emmanuel: "A maior caridade que praticamos, em relação à Doutrina Espírita, é a sua própria divulgação."Sejam todos bem vindos ao nosso Blog!Conheça,divulgue, compartilhe conosco este espaço que é de todos nós!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Livro do Mês de Setembro

Olá amigos!!
Estamos no mês de setembro!!! O mês das flores!!
Final do ano está se aproximando cada dia mais!!
Começamos a fazer uma análise de nossas atitudes até aqui e a verificar o andamento dos projetos que fizemos no início deste ano não é verdade?
Entrando nesse clima trazemos como o livro do mês uma excelente obra, pois nos traz preciosos esclarecimentos e reflexões:


O Código Penal dos Espíritos



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Este livro ajuda-nos a refletir sobres as Leis Divinas, perenes, justas e, ao mesmo tempo, Leis de Amor Supremo, gravadas desde sempre e para sempre na consciência de todas quais bússolas a indicar ao caminheiro a rota segura, para encontrar a verdadeira felicidade que consiste na vibração harmônica com o Criador.


Sinopse:

Com base na compreensão da Vida, proporcional ao estágio evolutivo alcançado, o homem, ao criar seus símbolos, projeta a ideia de Deus de acordo com sua faixa de entendimento. Assim, a consciência humana, numa determinada fase, criou as mais utópicas expectativas sobre o Código Penal Divino, denominando-as, para dar força de crédito, por "Palavras de Deus". Em razão deste entendimento, presa ao medo e à ideia de punição, como "castigo do Senhor", grande parte das criaturas, retarda, temporariamente, o crescimento de sua individualidade. E, no dizer de Nílton Bonder: "O universo que não conhecia a punição a descobriu na consciência humana".

 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Livro do mês de agosto

Olá amigos!
Mais um mês se inicia, o fim do ano cada vez mais próximo!!
Vamos falar sobre o perdão?
Esse mês em nosso Clube do Livro trazemos um clássico que está sendo reeditado e que nos traz preciosas lições sobre o perdão, além de revelações surpreendentes:


Perdoo-te






  Sinopse:
Teresa de Ávila (1515-1582) viveu na Espanha. E teria sido a reencarnação de Maria Madalena, discípula de Jesus — é o que acaba deduzindo quem lê esta história, trazida pelo espírito Íris. Seus relatos antecedem a existência de Maria de Magdala, reportando-se a tempos imemoriais, na Atlântida, onde teria vivido com o nome Íris. Intrigante é o fato de o espírito comunicante não usar de forma explícita o nome de Madalena nem o da revolucionária religiosa Teresa de Ávila, também chamada Teresa de Jesus. Mas temos de levar em conta que, nos tempos em que viveu Amália Soler, o espiritismo era muito combatido. E nominar em um livro espírita madre Teresa, já canonizada havia mais de dois séculos, poderia impactar a comunidade católica nos idos de 1900. Principalmente ao trazer a público o fato de que as visões e transes de madre Teresa eram nada mais do que manifestações mediúnicas.
Na Espanha, a Inquisição revelara-se até 1834 como uma das mais cruéis e violentas. Passados quase trinta anos, porém, em 1861, as obras de Kardec seriam queimadas em praça pública, por ordem do bispo de Barcelona. À época da concepção desta obra, é sabido que o poder clerical na Espanha ainda possuía acentuado prestígio nas esferas governamentais.
O leitor por certo vai se impressionar com este livro. Conhecendo as agruras da personagem ao longo de várias encarnações, não deixará de concluir que todos necessitamos, sem mais delongas, aprender a perdoar, auxiliar e amar, sem desvios na caminhada em direção à Luz Maior.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Livro do mês de Julho

Mês de férias, tempo de relaxar e curtir!
Então trazemos um livro de leitura agradável, instrutiva e de grande conteúdo!!
Entrevistas com uma das maiores médiuns do país!

Boa leitura! 


Pelos Caminhos da Mediunidade Serena
Pelos caminhos da mediunidade serena


Coletânea de entrevistas de uma das mais notáveis médiuns de que se tem notícia. Com opiniões firmes, profundo conhecimento da doutrina espírita e uma experiência inigualável, Yvonne Pereira aborda temas como sofrimento, vida no mundo espiritual, suicídio, divórcio, mediunidade e obsessão. 

Sinopse:
Entrevistar Yvonne Pereira, uma das mais notáveis médiuns que se tem notícia, é a vontade de todos que entram em contato com suas obras.
Nas entrevistas que enfeixam o presente volume, Yvonne nos trasforma em interlocutores privilégiados. Com opiniões firmes, profundo conhecimento da doutrina espírita e uma experiência mediúnica inigualável, a médium aborda temas como sofrimento, vida no mundo espiritual, divórcio, suicídio entre outros.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Uma mensagem para refletir!

 

AJUDE SEMPRE


Diante da noite, não acuse as trevas. 
Aprenda a fazer luz.

Em vão condenará você o pântano. 
Ajude-o a purificar-se.

No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.

Não amaldiçoe o vozerio alheio. 
Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.

Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.

Debalde censurará você o espinheiro. 
Remova-o com bondade.

Não critique o terreno sáfaro. 
Ao invés disso, dê-lhe adubo.

Não pronuncie más palavras contra o deserto. 
Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.

Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.

É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. 
Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.


 André Luiz


Do livro: Agenda Cristã, Médium: Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Livro do mês de Junho

Olá amigos!
O mês de junho chegou!! E nós viemos apresentar a vocês o livro distribuído esse mês em nosso Clube do Livro:

Diversidade dos Carismas

 

 

 
Nessa obra grandiosa, o renomado escritor e pesquisador nos trás, de forma precisa e esclarecedora  o universo dos dons mediúnicos, chamados de "carismas" pelo apóstolo Paulo.
De forma clara e envolvente, o autor nos leva a profundos e preciosos esclarecimentos sobre o tema, leitura de suma importancia  aos estudiosos, dirigentes e trabalhadores de reuniões mediúnicas.


Sinopse:

 Três opções básicas se colocam diante daquele que se propõe escrever um estudo acerca da mediunidade: a abordagem predominantemente teórica, o enfoque experimental caracterizado como depoimento pessoal e o tratamento integrado de ambos os aspectos, acoplando teoria e prática. Cada uma dessas opções tem seus méritos e objetivos próprios. Neste trabalho, adotou-se a terceira delas: um tipo de modelo que se revelou satisfatório em obras anteriores, onde aspectos teóricos ficaram embutidos em narrativas com características de depoimento pessoal. Com esse plano em mente, este volume apresenta três módulos distintos: o primeiro destinado a documentar problemas básicos que o médium costuma enfrentar; o segundo para estudar mais atentamente aspectos particulares do animismo; e, finalmente o terceiro, no qual se toma para análise a mediunidade em si mesma.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Livro do Mês de Maio

Olá amigos!!
Quanta saudade!
Estivemos ausentes um tempo, mas já retomamos nossas atividades aqui!!
O coração não aguenta ficar longe de vocês!!
Maio, o mês mais angelical do ano, mês dedicado às noivas e às mães, ou seja, mês da família!
Então trazemos, como livro do mês em nosso clube um livro dedicado à família!


 Divaldo Franco Responde 2

capaDivaldoResponde2 site 

Um livro esclarecedor, onde o renomado orador e médium esclarece a respeito de diversos temas sob a ótica Espírita. Sem dúvidas um livro para toda a família!


Sinopse:

CONFLITOS CONJUGAIS - dissolução do casamento - ciúme - momento certo do divórcio - a separação e os filhos - relações extraconjugais - cônjuge alcoólatra - harmonia na família.
PAIS E FILHOS - pais que discutem - bater e gritar com os filhos - drogas - pais que trabalham muito - superproteção - mães problemáticas - diálogo
na família.

ADOÇÃO - revelação para o adotado - adoção para preencher carências - os adotados e os pais biológicos - família espiritual - educação do adotado.
SEXUALIDADE - perversão e dependência sexual - uso de motel - traição conjugal - frigidez - o sexo para o homem e a mulher - a cidade espiritual dos pervertidos pelo sexo.
HOMOSSEXUALIDADE - causas espirituais - adoção por homossexuais - transformação do corpo físico - homossexualidade e a família - casamento homoafetivo - sublimação sexual.
FELICIDADE - significado - início da felicidade - dinheiro e felicidade - supérfluo e necessário - felicidade a qualquer preço - onde está a felicidade.
DESIGUALDADES SOCIAIS - causas - o rico e o pobre - desemprego - dar ou não esmolas - a miséria nas grandes cidades - político corrupto quando desencarna.
MAU-OLHADO E FEITIÇARIA - oferendas a espíritos - bênção e maldição - vender a alma ao diabo - talismã - benzedeiras - superstição - videntes - crendices.
ABORTO - anticoncepcionais - aborto natural e provocado - dificuldade para engravidar - anencéfalos - responsabilidades no aborto - siameses
- arrependimento.

CARMA, PROVAS E EXPIAÇÕES - significado - deficiência física - relacionamentos familiares - mal de alzheimer - câncer - mágoas e animosidades na família - crescimento populacional e reencarnação - êxito na reencarnação.


Quer receber seu exemplar? 
escolha um de nossos planos e faça parte da família CLE Missionários da Luz!

 

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Livro do Mês de Abril

Abril está aí!!
Nos lembrando que o tempo não para!!
Então vamos apresentar aos amigos e associados o livro distribuído em nosso Clube do Livro este mês:

Ninguém Foge de Si Mesmo:

 


Sinopse:
  Assim que abriu os olhos, sua esperança de que tudo acabaria desapareceu. As dores que sentia eram ainda maiores, seu choro era compulsivo, e a angústia que estava em seu peito se multiplicou algumas vezes. O remorso pelo que havia feito ainda assombrava a sua consciência. Como fora capaz disso? Esfregava suas mãos em seu corpo, em seus braços, em seu rosto, como se tentasse arrancar a própria vida de sua morte. A confusão em sua mente crescia instante após instante e, à medida que tentava encontrar refúgio em meio ao caos onde se encontrava, sentia-se cada vez menor, mais abandonada e sozinha. Não havia onde pudesse se segurar ou se socorrer.
Cecília, só queria morrer... De novo...



Conheça as consequências que o suicido traz para aqueles que acreditam que a morte é o fim de tudo!
Nessa história envolvente o leitor conhecerá a dolorosa trama dos personagens e compreenderá que só o amor e o perdão libertam de verdade!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Cura Verdadeira

 

Todas as criaturas humanas adoecem. Raras são aquelas que trabalham para a cura real.
A ação medicamentosa, por si só, não restaura integralmente a saúde.
O comprimido ajuda. A injeção melhora. Entretanto, não podemos esquecer que os verdadeiros males procedem do coração.
A mente é uma fonte criadora e a vida plasma, em nós mesmos, aquilo que desejamos.
Assim, a medicação não nos valerá muito se prosseguirmos tristes e acabrunhados, porque a tristeza é geratriz e mantenedora de muitos males.
Como poderemos pretender ter a saúde restaurada, se nos permitimos a cólera ou o desânimo por muitas horas?
O desalento é anestésico que entorpece e acaba por destruir quem o cultiva.
A ociosidade que corrompe as horas e a inutilidade que desperdiça o tempo valioso extingue as forças físicas e as do Espírito.
Mesmo porque, a mente ociosa acaba por se dedicar a muitas coisas ruins, como a maledicência e a crítica destrutiva.
Se não sabemos calar, nem desculpar; se não ajudamos, nem compreendemos, como encontrar harmonia íntima?
Por mais que o socorro espiritual venha em nosso favor, devoramos as próprias energias com atitudes negativas.
E, com respeito ao socorro médico, mal surgem as primeiras melhoras, abandonamos o remédio, a dieta, os cuidados, demonstrando a nossa indisciplina.
Por isso, se estamos doentes, antes de qualquer medicação, aprendamos a orar e a entender, a auxiliar e a preparar o coração para a grande mudança.
Fujamos da indelicadeza e do azedume constante que nos conduzirão à brutalidade no trato com os demais.
Enriqueçamos nossos fatores de simpatia pessoal, pela prática do amor fraterno.
Busquemos intimidade com a sabedoria, pelo estudo e a meditação.
Não manchemos nosso caminho. Sirvamos sempre. Trabalhemos na extensão do bem a todos.
Guardemos lealdade ao Mestre Jesus a quem dizemos seguir e permaneçamos com a certeza de que, cultivando a prece, vibrando positivamente pela vida, abraçando a oração diária, desde logo, a medicação de que nos servirmos atuará rápida e beneficamente em nosso corpo.

*   *   *

Que queres que eu te faça? Perguntou Jesus ao cego de Jericó, que O buscava.
Que me devolvas a visão, respondeu Ele.
Acreditas firmemente que eu possa te curar? Retornou o Mestre a indagar.
E como a resposta fosse afirmativa, o cego passou a enxergar.
No fato em destaque, observamos que a vontade do paciente e a fé no profeta de Nazaré, foram as molas da cura.
Portanto, a cura real somente nos alcançará se melhorarmos as nossas disposições íntimas e atendermos aos preceitos médicos com disciplina e seriedade.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 86 do livro
Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco
Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 19.3.2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Cada Manhã



Cada manhã na Terra é uma pagina em branco de que dispões no livro da vida, para fazer os melhores exercícios e testemunhos de elevação e bondade.

Não olvides que cada pessoa a cruzar-te o passo, na trilha das horas, é uma oportunidade de construção espiritual.

Seja qual seja o motivo para desafeto, cultiva compreensão e amizade, observando que todo favor que possas prestar a benefício de alguém é uma chave que fabricas para a solução de teus problemas futuros.

Por mais claras as razões que justifiquem esse ou aquele comentário infeliz, procura encaixar uma frase edificante no círculo das palavras rudes que estejam sendo pronunciadas.

Por muito que um companheiro te haja ofendido, não lhe negues tolerância e abençoa-o com as tuas preces e gestos de auxílio, na convicção de que estas, com isso, levantando dispositivos de proteção a ti mesmo,

Na atividade em que te encontres, faze mais que o dever, porquanto o serviço extra, espontâneo e sem recompensa, em toda situação, será sempre a tua mais alta pregação de virtude.

Repousa quando necessário, mas não transformes descanso em ócio vazio.

Começa de casa a execução dos conselhos salutares que ofereces ao próximo, aprendendo que é impossível ajudar a Humanidade quando não saibamos entender e amparar algumas poucas pessoas, entre os limites da parentela.

Alia ação e oração, sustentando a felicidade dos outros, como queremos que Deus nos concretize a própria felicidade.

Quando o dia termine, agradece ao Senhor a ventura de haver engastado mais uma pérola do tempo em teu colar de realizações, e, cerrando os olhos para o justo refazimento, guarda por teu maior prêmio a consciência tranqüila, com a invariável disposição de viver, cada dia, reconhecendo que tudo na vida depende inteiramente de Deus, mas na certeza de que o trabalho em tuas mãos depende unicamente de ti.


Emmanuel



Fonte: Livro Passos da Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher

 

No mundo existem diversos tipos de mulheres. Existem as que curam com a força do seu amor e as que aliviam dores com a sua compaixão. Foram exemplos Irmã Dulce, na Bahia e Madre Tereza, na Índia.
Existem mulheres que cantam o que a gente sente e as que escrevem o que a gente sente.
Há muitas mulheres glamourosas, como o foi Lady Di e mulheres maravilhosas que deixam lições eternas, como Eunice Weaver e Madame Curie.
Existem mulheres que fazem rir, e mulheres talentosas no Teatro, nas telas dos cinemas, nos palcos do Mundo.
Entre tantos tipos de mulheres existem as que não são  conhecidas ou famosas. Mulheres que deixam para trás tudo o que têm, em busca de uma vida nova. Lembramos das nossas nordestinas e sua luta constante contra a adversidade, para que os filhos sobrevivam.
Mulheres que todos os dias se encontram diante de um novo começo, que sofrem diante das injustiças das guerras e das perdas inexplicáveis, como a de um filho amado, pela tola disputa de um pedaço de terra, um território, um comando.
Mães amorosas que, mesmo sem terem pão, dão calor e oferecem os seios secos aos filhos famintos. Mulheres que se submetem a duras regras para viver.
Mulheres que se perguntam todos os dias, ante a violência de que são vítimas, qual será o seu destino, o seu amanhã.
Mulheres que trazem escritos nos sulcos da face, todos os dias de sua vida, em multiplicadas cicatrizes do tempo.
Todas são mulheres especiais. Todas, mulheres tão bonitas quanto qualquer estrela, porque lutam todos os dias para fazer do mundo um lugar melhor para se viver.
Entre essas, as que pegam dois ônibus para ir para o trabalho e mais dois para voltar. E quando chegam em casa, encontram um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.
Mulheres que vão de madrugada para a fila a fim de garantir a matrícula do filho na escola.
Mulheres empresárias que administram dezenas de funcionários de segunda a sexta e uma família todos os dias da semana.
Mulheres que voltam do supermercado segurando várias sacolas, depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.
Mulheres que levam e buscam os filhos na escola, levam os filhos para a cama, contam histórias, dão beijos e apagam a luz.
Mulheres que lecionam em troca de um pequeno salário, que fazem serviço voluntário, que colhem uvas, que operam pacientes, que lavam a roupa, servem a mesa, cozinham o feijão e trabalham atrás de um balcão.
Mulheres que criam filhos, sozinhas, que dão expediente de oito horas e ainda têm disposição para brincar com os pequenos e verificar se fizeram as lições da escola, antes de colocá-los na cama.
Mulheres que arrumam os armários, colocam flores nos vasos, fecham a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantêm a geladeira cheia.
Mulheres que sabem onde está cada coisa, o que cada filho sente e qual o melhor remédio para dor de cotovelo do adolescente.
Podem se chamar Bruna, Carla, Teresa ou Maria. O nome não importa. O que importa é o adjetivo: mulher.


 *   *   *


A tarefa da mulher é sempre a missão do amor, estendendo-se ao infinito. Tal tarefa pode ser executada no ninho doméstico, entre as paredes do lar, na empresa, na universidade, no envolvimento das ciências ou das artes.
Onde quer que se encontre a mulher, ali se deverá encontrar o amor, um raio de luz, uma pétala de flor, um aconchego, um verso, uma canção.

Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir de mensagens intituladas “Quem é o mulherão?” e “Mulheres”, cujas autorias são desconhecidas pela Equipe.



sexta-feira, 1 de março de 2013

Livro do Mês de Março

 

Alquimia da Mente

 

 

 Sinopse:

Apoiado em recente (e melhor) definição das funções atribuídas aos hemisférios cerebrais, este livro propõe uma recordenação dos conceitos básicos que reagem matéria/espírito.
A questão não consiste em ser ou não ser, já o somos. E seremos sempre, quer se acredite ou não na continuidade da vida após a morte do corpo físico.
O livro adota outra opção especulativa, sem excludências - a de ser e estar, que substantiva na dicotomia transitoriedade/permanência, compatível com uma realidade de há muito percebida, mas que somente agora começa a difundir-se, a de que temos uma parte do ser mergulhada na matéria perecível e outra, bem mais ampla, na sutileza atemporal da realidade cósmica.
Para acompanhar-nos nestas reflexões estão convidados todos os hamletianos disponiveis. Afinal de contas, nada terão a perder senão suas dúvidas...

Associe-se e garanta o seu exemplar!
Acesse www.clemissionariosdaluz.com e saiba como!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Desencarne Coletivo - O Livro Dos Espíritos

 

É o desencarne que ocorre em acidentes e catástrofes de toda sorte, que vitimam pequeno ou grande número de criaturas.  

Ocorre porque um grupo ou grupos de espíritos comprometidos com um mesmo débito ou com débitos semelhantes, em reencarnações pregressas, se associam, ainda na espiritualidade, antes do renascimento, com a finalidade de realizar "trabalho redentor em resgates coletivos".
Por estar relacionado a experiências evolutivas, o desencarne coletivo é previsto por entidades Benfeitoras Espirituais, que acolhem os desencarnantes imediatamente, muitas vezes em postos de socorro por eles montados através da vontade/pensamento, na própria região da catástrofe ou desastre.

O resgate de nossas ações contrárias à Lei Divina, ao bem e ao amor pode ocorrer de várias formas, inclusive coletivamente. O objetivo, segundo "O Livro dos Espíritos", questão 737, é “fazê-lo avançar mais depressa” e as calamidades “são freqüentemente necessárias para fazerem com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, realizando-se em alguns anos o que necessitaria de muitos séculos”. Além disso (questão 740), “são provas que proporcionam ao homem a ocasião de exercitar a inteligência, de mostrar sua paciência e sua resignação ante a vontade de Deus, ao mesmo tempo em que lhe permitem desenvolver os sentimentos de abnegação, de desinteresse próprio e de amor ao próximo”.

E assim, entendemos o sentimento de solidariedade que essas calamidades despertam, auxiliando todos a desenvolver o amor. O importante para os mais diretamente envolvidos, para que tenham o progresso devido, como está dito em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 14, item 9, é “não falir pela murmuração”, pois “as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”.

Nesta frase selecionada no "O Evangelho Segundo o Espiritismo", está uma informação de cabal importância: indício de aperfeiçoamento do espírito. E qual seria o objetivo prático de tudo isso e como esses fatos atuam em nosso progresso, com que finalidade?

A resposta está na Lei do Progresso, que determina ao homem o progresso incessante, sem retrocesso, no campo intelectual e moral; cada um há seu tempo, seguindo seu ritmo próprio, sendo que “se um povo não avança bastante rápido, Deus lhe provoca, de tempo em tempos, um abalo físico ou moral que o transforma” ("O Livro dos Espíritos", questão 783).

Como vemos, o progresso se faz, sempre, e quando estamos atravancando-o, Deus, em sua infinita bondade e justiça, lança mão de instrumentos que nos impulsionem à frente. O objetivo é nos levar a cumprir a escala evolutiva, saindo de nossa condição de Espíritos imperfeitos moralmente para a de espíritos regenerados, até atingirmos a condição de Espíritos puros.

Essa transposição de imperfeito moralmente para regenerado marca a atual fase de transição que vivenciamos, plena de flagelos destruidores, de calamidades, de acidentes com grande número de mortos.

Nos evangelhos segundo Mateus, Marcos e João, há várias referências aos sinais precursores de uma transformação no estado moral do Planeta, caracterizada pelo anúncio de calamidades diversas que atingirão a humanidade e dizimarão grande número de pessoas, para que, na seqüência, ocorra o reinado do bem, sejam instituídas a paz e a fraternidade universal, confirmando a predição de que após os dias de aflição virão os dias de alegria.

O que é anunciado nessas passagens evangélicas não é o fim do mundo de forma absoluta e real, mas o fim deste mundo que conhecemos, em que o mal aparentemente se sobrepõem ao bem, e, como afirma Allan Kardec em "A Gênese", capítulo 17, item 58, “o fim do velho mundo, do mundo governado pela incredulidade, pela cupidez e por todas as más paixões a que o Cristo alude”.

Para que esse novo mundo se instale ("A Gênese", capítulo 18), é fundamental que a população seja preparada para habitá-lo. Para tanto, teremos, todos nós, de equacionar alguns problemas de nosso passado, construindo nosso progresso moral.

Não há transformação sem crise, e catástrofes e cataclismos são crises que agitam a humanidade, despertando-a para a solidariedade, a fraternidade, o bem.

Temos, então, de ver a humanidade como “um ser coletivo no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada ser individual” ("A Gênese", capítulo 18 item 12).

Nesse contexto, a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social, com o progresso moral, secundado pelo progresso da inteligência assegurando a felicidade dos homens sobre a Terra.

Para que possamos habitar esse novo mundo, não temos de nos renovar integralmente. Segundo Kardec ("A Gênese", capítulo 18 item 33), “basta uma modificação nas disposições morais”, e, para isso, temos de equacionar débitos do passado e nos conscientizarmos de nossa condição de espíritos imortais perfectíveis, em fase de desenvolvimento de nossas potencialidades.

Como forma de acelerar esse processo de modificação da disposição moral, a presente fase é marcada pela multiplicidade das causas de destruição, até como forma de estimular em nós o desenvolvimento de nossas potencialidades no bem, pois “o mal de hoje há de ser o bem de amanhã. Somente a educação do Espírito poderá libertá-lo do mal, dando-lhe condições de alçar os mais altos vôos no plano infinito da vida. O importante em tudo isso é mantermos a serenidade, olharmos para frente, divisarmos o futuro, pois “a marcha do Espírito é sempre crescente e ascendente”. É preciso descobrir quanto bem se é capaz de fazer agora para que o próprio crescimento não se detenha” (Portásio).

Em todo ser humano, como ressalta o Espírito Clelie Duplantier, em "Obras Póstumas", “há três caracteres: o do indivíduo ou do ente em si mesmo, o do membro da família e o do cidadão. Sob cada uma dessas três fases, pode ele ser criminoso ou virtuoso; isto é, pode ser virtuoso como pai de família e criminoso como cidadão, e vice-versa”.

Além disso, pode-se admitir como regra geral que todos os que se ligam numa existência por empenhos comuns, já viveram juntos, trabalhando para o mesmo fim e se encontrarão no futuro, até expiarem o passado ou cumprirem a missão que aceitaram.

Essas calamidades - se olharmos para elas sob o ponto de vista espiritual, fundamentando nossa reflexão nos princípios da Doutrina Espírita - têm, portanto, objetivos saneadores que, conforme Joanna de Ângelis, removem as pesadas cargas psíquicas existentes na atmosfera e significam a realização da justiça integral, pois a Justiça Divina, para nosso reequilíbrio, recorre a métodos purificadores e liberativos, de que não nos podemos furtar.

Assim, tocados pelas dores gerais, ajudemo-nos e oremos, formando a corrente da fraternidade e estaremos construindo a coletividade harmônica, sempre lembrando a advertência do Espírito Hammed: “a função da dor é ampliar horizontes para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Como o golpe ao objeto pode ser modificado, repensa e muda também tuas ações, diminuindo intensidades e freqüências e recriando novos roteiros em sua existência”. Desse modo, estaremos utilizando nossos problemas como ferramenta evolutiva, não nos perdendo em murmurações, mas utilizando nosso livre-arbítrio como patrimônio.

O progresso de todos os seres da criação é o objetivo de tudo que aconteceTenhamos a consciência desperta e procuremos entender o mundo à nossa volta, cientes de que a solidariedade é o verdadeiro laço social, não só para o presente, mas, como está em "Obras Póstumas", “estende-se ao passado e ao futuro, pois que os mesmos indivíduos se encontram e se encontrarão para juntos seguirem as vias do progresso, prestando mútuo concurso. Eis o que faz compreender o Espiritismo pela eqüitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres”.

E mais: Graças ao Espiritismo, compreende-se hoje a justiça das provações desde que as consideremos uma amortização de débitos do passado. As faltas coletivas devem ser expiadas coletivamente pelos que juntos as praticaram, e os mentores estão sempre trabalhando, ajudando a todos nós, reunindo-nos em grupos de forma a favorecer a correção de rumo, amparando-nos e nos fortalecendo para darmos conta daquilo a que nos propomos, além de nos equilibrarem para podermos auxiliar o outro com nossos pensamentos positivos, nossos.

Fonte:Yahoo groups

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Um Forró no Umbral


Anastácio cambaleia nos sofrimentos de um enfarte. Aperta o peito com as mãos. Cai, estrebuchando nas angústias do desencarne e, finalmente, fica imóvel.
Sente-se arrastado, não sabe para onde. Aos poucos, começa a ouvir gemidos, gargalhadas e uivos distantes, que vão se aproximando. Reflexos de luzes alaranjadas e avermelhadas de uma fogueira dão ao ambiente um tom umbralino. Figuras grotescas, suadas e com as roupas em desalinho, arrastam-se ao som de uma sanfona desafinada e estridente, que toca música de forró.  A um canto, um homem observa. É Jerônimo, administrador daquele núcleo. Anastácio também começa a dançar junto com os outros, movido por forças estranhas. Tenta parar e não consegue. Finalmente se deixa arrastar naquela dança estranha, enquanto grita:
– Mas o que é isso?... Será que estou ficando louco? Por que não consigo parar?
Desesperado, levanta o rosto para o alto:
– Meu Deus, o que está acontecendo?... Me ajuda! Tem misericórdia de mim!
De repente, a música pára e todos se estendem no chão, exaustos. Anastácio, olhos esbugalhados, apalpa-se, belisca-se, enquanto diz, aflito:
– Acho que isto é um pesadelo... Quero acordar!
Jerônimo se aproxima. O tom da voz denota piedade, quando diz:

– Passou a vida inteira em centro espírita e não percebe que já desencarnou...
– Eu...?  Desencarnei...?  Que brincadeira é essa?
Reflete um pouco, esfrega o rosto e, começando a convencer-se de que morreu, uma expressão de desespero toma conta do seu rosto, de todo o seu ser. Chora. Aos poucos reage e fala, revoltado:
– Então é assim?... Uma vida inteira votada ao Espiritismo... e termino num horrível e asqueroso forró?... Olha na direção do núcleo do forró e conclui:
– No Umbral... com certeza!
Desesperado, agarra Jerônimo pela camisa e pergunta, aos gritos:

–Que significa isto? Alguém tem que me explicar!

– Calma, Anastácio! Quer complicar ainda mais sua situação?
Olhando mais atentamente para Jerônimo, Anastácio exclama:

–Mas você é o Jerônimo. Você foi diretor da área doutrinária do centro.  Como é que veio parar aqui?
Esfrega os olhos, o rosto, como a querer libertar-se de um pesadelo.

– Coisas da vida, meu caro – responde tranqüilamente Jerônimo.
– Só posso estar ficando louco! – exclama Anastácio.

– Não, Anastácio. Você não está louco... nem eu. Nós apenas nos enganamos, na Terra.
– Como? Então o espiritismo é mentira? Tudo aquilo que aprendemos é mentira?
– Não, meu amigo. A mentira estava em nós mesmos.

– Mas isso é um absurdo, uma injustiça!
Olha com ar de superioridade para Jerônimo, dizendo:
– Você, na verdade, bem que merece estar aqui, porque nunca foi um espírita decente. Além de irresponsável, sempre foi devasso. Pensa que não sabíamos? Chegou ao cúmulo de seduzir uma jovem da Mocidade... e o que foi que fez?... Hein?

Jerônimo baixa a cabeça, envergonhado. Anastácio continua:

– Induziu a garota a fazer aborto. Todos nós sabíamos disso.

Jerônimo levanta o rosto com ar de profunda mágoa dizendo, em tom de revolta:
– E não me disseram nada! Vocês são quase tão culpados quanto eu. Vocês, que se davam ares de grandes espíritas, praticantes do Evangelho... Para tudo tinham resposta na ponta da língua, como se fossem os porta-vozes do plano superior. Você, então, que era o mais procurado pelas pessoas que buscavam orientação, por que nunca me repreendeu? Por que nunca me aconselhou?
Anastácio abre a boca para responder, mas... dizer o quê? Jerônimo, abatido ao peso da mágoa, deixa-se cair no chão e põe a cabeça entre as mãos. Sua fala é quase um lamento:
– Eu sabia que aquilo estava errado, mas a tentação foi grande demais. A garota me deu bola e... foi uma paixão furiosa. Depois a gravidez, o medo da mulher descobrir... O escândalo. Eu sabia que vocês tinham conhecimento de tudo, mas como ninguém me aconselhou... como nada disseram... Achei que estavam aceitando tudo com naturalidade e eu também acabei acreditando que não estava tão errado assim.
Anastácio fica profundamente consternado. Finalmente exclama:

– Meu Deus, eu nunca tinha pensado por esse enfoque!
Como falando a si mesmo, continua:
– Mas você tem razão. Numa comunidade espírita as culpas de um atingem também aqueles que nada fazem para ajudá-lo a se corrigir.
 
A música começa de novo e todos vão sendo arrastados por estranha força, para a dança. Só Jerônimo parece imune a ela. Numa das viravoltas Anastácio tropeça e cai, arrastando outro dançarino ao chão. Ao olhar-lhe o rosto, reconhece-o:
– Manoel! Você aqui?
Ia estender-lhe a mão mas observa, horrorizado, que suas mãos estão enroladas em panos sujos de sangue, de horrível aparência. Manoel procura esconder as mãos atrás das costas, envergonhado. Fala em tom humilde:
– Espero que você não permaneça muito tempo por aqui. Eu, bem que mereço. E nem sei quando vou sair. Talvez até me mandem mais para baixo.
Anastácio arregala os olhos, sem entender. Manoel continua:

– Aqui, é uma espécie de região intermediária entre a Terra e o Umbral. Os que carregam culpas mais pesadas e ficam, é porque algo sustou sua queda. No meu caso, foram as preces das pessoas que curei.
Enraizado nos velhos hábitos do orgulho, Anastácio diz, com certo ar de superioridade:
– É... Quanto a você é fácil entender que esteja aqui. Você era médium, espírita, e todos  nós sabíamos que começou a cobrar pelas curas que realizava.
Conclui com ar de reprovação:
– Você ganhou verdadeira fortuna com o uso da mediunidade.

Manoel baixa os olhos e fala em tom magoado:
– É verdade. E vocês não me disseram nada. Só falavam pelas costas. Principalmente você, tão zeloso pela pureza doutrinária. Eu era pobre, precisava manter a família. Aí, comecei a receber presentes e quando me dei conta, tinha ido longe demais.
Olha indignado para Anastácio e conclui, num rompante:
– Por que você não me disse nada? Eu achava que se estivesse tão errado assim, os companheiros me chamariam a atenção. Como ninguém me censurou... fui caindo mais e mais.

Sentindo-se arrastado para o turbilhão alucinante fala, quase num grito:
– Por que você não me repreendeu? Devia ter brigado comigo, até mesmo me desmoralizado, agredido... Teria sido bem melhor.

Anastácio baixa a cabeça, pondo-se a chorar amargamente. Aos poucos vai se acalmando, por força do cansaço em virtude daquela estranha dança. A música pára de novo e todos caem no chão, exaustos. Tropeça em algo e se vê junto a um ser estranho, sem forma, cuja vida se manifesta em batimentos cardíacos desordenados.
Horrorizado, grita:
– Mas o que é isso? Um abortado?... Essa, não!!! Desse aí, tenho certeza de não carregar nenhuma culpa. Nunca promovi nem permiti abortos. 
Aquele ser estranho responde, com voz lamentosa:
– Eu fui levado a um centro espírita e fiquei esperando minha vez de ser atendido. Tinha certeza de que receberia alívio e poderia recompor meu corpo espiritual. Esperei com toda paciência enquanto você doutrinava um espírito que havia sido assassinado. Parece que era alguém muito importante e você passou a maior parte da sessão conversando com ele, fazendo perguntas e mais perguntas. Quando finalmente chegou a minha vez, era hora de encerrar e você não me deixou incorporar. Eu me desesperei e me agarrei à médium, mas você disse que era hora de encerrar e que ninguém mais poderia “receber” nenhum espírito. Eu fiquei tão revoltado, com tanto ódio de você, que fui arrastado para este lugar.
Perplexo, Anastácio diz:
– Ah, me lembro do caso. Mas não tive culpa. Se os dirigentes não cuidam da disciplina, a sessão vira bagunça.

A estranha figura responde, em tom humilde choroso:
– Eu não queria bagunçar nada. Só queria alívio para o meu sofrimento, que era grande demais...
Anastácio senta-se no chão, profundamente chocado, murmurando:

– Que situação! E eu que achava que seria recebido em Nosso Lar, quando desencarnasse. Tantos anos dedicado à causa. Que ironia! Em vez de Nosso Lar, este horrível Forró. No lugar do Ministro Clarêncio vir me receber, encontro um bando de estropiados e até um abortado! É demais! Não dá para agüentar.
 Recompõe-se lentamente. O desespero e revolta dão lugar ao desalento. Continua:
– E o pior de tudo é essa sensação de culpa...

Olha para o abortado e fala, com o olhar perdido ao longe:
– O que será mais importante, a disciplina em nome da caridade... Ou a caridade em nome do amor?
A música recomeça e com ela Anastácio e os demais voltam a rodopiar, num louco e incontrolável frenesi, sem conseguirem parar. Quando finalmente silencia, Anastácio, vencido pelo cansaço, cambaleia e, pára não cair, agarra-se no cabelo de um mulher que está próxima. Ela dá um grito de dor, voltando-se para ele que, espantado, reconhece-a:
– Marieta! Você também está aqui?
Marieta fora uma das melhores palestrantes do movimento espírita local. De olhos arregalados pelo espanto, exclama:
– Anastácio? Nunca esperei que viesse para cá. Você... sempre tão certinho.
– É... nem eu esperava.  E você, uma das melhores palestrantes que conheci, como é que veio parar aqui?

– Enganos, meu caro, enganos.
– Quer dizer que veio para cá por engano? Como é que pode?
– Não, não! O engano foi meu. Eu fazia belas e emocionantes palestras e me achava o máximo. Eu vivia muito ocupada em estudar a Doutrina, porque queria ter sempre na ponta da língua a resposta para qualquer pergunta. Sentia uma grande satisfação em poder “esmagar” os outros, num debate, com minhas argumentações, muitas vezes ferinas.  Na verdade, Anastácio, eu amava a mim mesma, à minha vaidade. Não pratiquei a fraternidade. Não respeitei meu próximo, como deveria, não respeitei as suas opiniões, seus pontos de vista. Eu achava que era a dona da verdade, e não percebi que a verdade tem muitas facetas, uma para cada momento evolutivo. E vocês que me criticavam pelas costas nunca tiveram fraternidade suficiente para conversarem comigo e me mostrarem meus enganos.

 Anastácio fica pensativo por alguns instantes. Finalmente, como degustando a idéia, fala lentamente:
 – Você disse uma coisa que só agora estou conseguindo perceber. A Verdade tem muitas facetas, uma para cada momento evolutivo.

– Exatamente! E é por não entendermos isto que geramos tanta discussão, tanta discórdia, tanta divisão.

Reflete um pouco e conclui:
– Eu não fui alteritária.
– Autoritária?
– Não. Eu disse alteritária.
– Que é isso?
Marieta reflete por alguns segundos e explica:
– Ser alteritário significa ter uma relação fraterna e respeitosa com os que pensam diferente, ou são diferentes de nós. Entende?
Pensa um pouco, antes de concluir:
– Bezerra de Menezes disse que “A diversidade é uma realidade irremovível da seara espírita”. Quer dizer que nós precisamos construir a fraternidade nos meios espíritas, apesar das divergências, respeitando-as e procurando aprender com as diferentes opiniões.
Anastácio exclama, em tom de revolta:
– Você diz, precisamos. Como, precisamos? Estamos mortos... desencarnados...  perdemos a nossa chance.

Põe-se a chorar, em grande desespero. Jerônimo se aproxima:

– Calma, Anastácio, calma. 
A música fica mais alta e Anastácio é novamente arrastado por aquela força, misturando-se aos demais. Uma hora mais tarde, quando ela pára, encosta-se na parede, arfante. Os outros se estendem no chão, exaustos. Após curto descanso Jerônimo e Marieta se aproximam.
– Por que você não é arrastado pela música, assim como nós outros? – Pergunta a Jerônimo.

– Porque sou o administrador.  Pedi aos planos mais altos para permanecer mais tempo por aqui. Necessito muito de reflexão, de buscar a minha verdade interior, e aqui posso encontrar muitos exemplos que me ajudarão no futuro.
– E é nessa verdade interior – intervém Marieta – que está o real caminho da evolução.

Silencia por instantes, meditativa. Em seguida, continua:
– Nós, seres humanos, costumamos não aceitar aqueles que não se encaixam em nossos modelos e, com isso, cuidamos de perceber as diferenças deles como sendo defeitos.

– Você agora disse uma dura verdade – exclama Jerônimo. – Queremos sempre que os outros se guiem pelos nossos parâmetros, sem respeitar a sua individualidade, o seu momento evolutivo. Por que sempre pretendemos ser os donos da verdade?

Com leve sorriso nos lábios, Marieta responde:
– Porque somos vaidosos. E então ficamos tão atentos vigiando severamente a melhora dos outros que deixamos de lado a única tarefa que cabe exclusivamente a nós mesmos, o nosso próprio crescimento interior.
– Você tem toda razão – assevera Jerônimo. De modo geral, sentimos verdadeira necessidade de fiscalizar os atos alheios .Em nosso orgulho, acreditamos que as falhas deles diminuem o peso das nossas.
Com um suspiro, Marieta exclama:
– Quanto engano, meu Deus! Quanto engano vivenciamos na Terra; quantas máscaras  usamos, tentando esconder nossa própria consciência!
Apontando, espantado, na direção do núcleo do forró, Anastácio exclama:
– Mas aquele ali não é o Onofre?
– É ele mesmo – confirma Jerônimo.
Anastácio está cada vez mais surpreendido, de uma surpresa muito desagradável. Finalmente, pergunta:
– Como é que pode? Um líder espírita tão importante? Que teria feito de tão grave assim?
Com meio sorriso nos lábios Jerônimo explica:
– Um líder espírita importante. Você disse tudo. Um líder espírita precisa entender que a sua vida, suas atitudes, ações e também omissões são exemplos que ele passa e que muitos irão guiar-se por eles. A responsabilidade de um líder é infinitamente maior.
– Mas o Onofre sempre foi um bom exemplo, creio eu – retruca Anastácio.
– Engano seu. Ele era bom exemplo em muitos casos, em outros, não. Lembra aquela vez em que tentamos implantar reuniões voltadas à reforma interior, nos centros da nossa área de atuação?
– Lembro, sim. E essa reforma, ou esse crescimento, passaria a ser prioridade nesses centros. Também seriam implantados alguns recursos utilizados por Psicólogos e Terapeutas, inclusive oficinas, visando ajudar os participantes em sua evolução, mas o Onofre disse que essa não era função de uma instituição espírita; que não queria essas novidades e que bastava o estudo da codificação para alguém que pretendesse fazer a sua reforma interna.
– Sei disso. Lembro-me bem. Mas o que tem isso a ver...?

– O Onofre foi contra, não permitiu. E esse fato causou prejuízos evolutivos a todos nós e também aos centros que iriam participar.
– É verdade. E pensar que eu também fui contra.

– E, além disso, ele não soube construir um ambiente fraterno e alteritário nos centros que dirigiu. Era muito dado a críticas. Tudo ele criticava, desde as instituições até os companheiros de atividades. Nada escapava às suas cáusticas observações e isto gerava um ambiente pesado, um clima de hostilidade, inaceitável numa Casa espírita.
– É... eu lembro.Mas você falou em alteritário. Já ouvi essa palavra, mas ainda não sei exatamente o que significa.
Jerônimo sorri amavelmente e, fitando Anastácio com certo carinho, explica:
– Vejamos você mesmo como exemplo de falta de alteridade. Você sempre primou pela pureza doutrinária. Não era tanto por amor à causa espírita, mas principalmente para poder impor seus pontos de vista. Lembra?  Em nome da pureza doutrinária cometeu muitos erros. Proibiu aquela reunião de Evangelho com idosos, promovido pela Iracema, que era psicóloga, só porque ela estava inserindo práticas como o relaxamento e algumas atividades de integração entre os membros do grupo. Não se preocupou em analisar os benefícios do relaxamento, nem a importância da integração entre aqueles velhinhos. Também não valorizou o que é o mais importante para o espírita e para qualquer ser humano.
Anastácio olha de forma interrogadora para Jerônimo, que continua:

– O crescimento interior. Não é essa a meta primordial do Espiritismo? Alteridade é isso, meu caro. É ter disposição para aceitar e aprender com os que são e pensam diferente de nós. Nos meios espíritas admitir a diversidade de opiniões e práticas, desde, é claro, que não fujam aos princípios básicos do Espiritismo. A alteridade não impõe, ela respeita.

Anastácio senta no chão, baixa a cabeça e fica meditativo. Uma mulher, cuja beleza se oculta por trás das rugas e das roupas amarfanhadas, senta-se a seu lado, dizendo:
– Pensei que você fosse demorar mais na Terra.
Surpreendido, Anastácio exclama:
– Suzana? O que faz aqui? Você, que entre outras atividades foi Presidente da nossa Casa, aqui, neste asqueroso forró?

Suzana fica pensativa por instantes. Finalmente, olhando Anastácio nos olhos, diz:
– Por isso mesmo, Anastácio, por isso mesmo. Pelo cargo que eu ocupava deveria ter tido muito mais humildade, mais fraternidade. Eu tinha todos os ensinamentos de Jesus na ponta da língua, mas na hora de praticá-los... O que eu falava não era condizente com as minhas atitudes, principalmente aquelas mais internas, do pensamento, dos sentimentos.
– Mas eu acho isso injusto. Castigos tão horríveis como este, para culpas ou faltas tão pequenas.
Com uma pontinha de ironia na voz, Suzana responde:
– Isto aqui não é horrível, não, meu caro. Horrível é o que tem mais lá embaixo. Este aqui é o setor das faltas menores. Aqui, estagiamos a fim de podermos perceber as nuances de uma conduta não fraterna; pequenos detalhes que não quisemos observar quando encarnados. Aqui, adquirimos consciência dos muitos males que provocamos com nossas atitudes. Veja, por exemplo, o caso da Silvia.
Apontando para uma jovem, diz:
– Aquela ali, de blusa amarela, é a Silvia. Ela era do “Centro Jesus de Nazaré”. Quando a Maria Eulália, uma trabalhadora da Casa, mãe de cinco filhos, adoeceu gravemente, nenhum dos companheiros foi visitá-la. Muito menos colocar-se a disposição para ajudar no que fosse possível. Todos simplesmente ignoraram a situação difícil da companheira.
– E por que só a Silvia veio para cá?
– Calma, amigo! Os outros ainda não desencarnaram.

Numa voz na qual transparecia revolta, Anastácio replica:

– Não, não pode ser! Nunca ouvi dizer que alguém tenha sido atirado no Umbral, só porque deixou de visitar um companheiro doente.
– O problema não está no fato de não terem ido visitar Maria Eulália, mas na frieza que demonstraram com relação a uma companheira de atividade espírita. A Silvia também trabalhava na recepção, no centro. Ela recebia as pessoas com frieza, com certo ar de superioridade, quando deveria ser fraterna, acolher a todos com simpatia e calor humano.

– Você fala como se fosse fácil ser fraterno.

– Claro que não é fácil. Mas aqui eu tenho tido muito tempo para observar e refletir. E cheguei a uma conclusão interessante, que venho testando comigo mesma. E olha que os resultados são surpreendentes.
– Que conclusão é essa? – Pergunta Anastácio, curioso. Após instantes de silêncio, Suzana responde:

– Reflita comigo. Os espíritas fazem palestras, ouvem palestras, lêem verdadeiras enxurradas de mensagens edificantes, de livros de teor evangélico, fazem reuniões de Evangelho... E se perdem nos muitos detalhes.
– Não estou entendendo.
– Todo esse esforço não visa à reforma interior?

A um aceno positivo de Anastácio, Suzana continua:
– Acontece que para a parte mais importante dessa reforma só é necessária uma única ação, que é básica, fundamental. Basta imprimir sempre em si mesmo, ou seja, desenvolver sempre um estado de espírito fraterno e contente.
Anastácio reflete um pouco e um leve sorriso vai tomando conta de seu rosto. Entusiasmado, exclama:
– Está aí uma coisa em que eu nunca tinha pensado. Se eu conseguir manter sempre um estado de espírito fraterno, não preciso me preocupar em me policiar, porque com sentimentos fraternos não vou praticar atos contrários às leis maiores. Meu Deus é uma coisa tão simples!
– Simples como as grandes verdades – exclama Suzana. – Digamos que você tem alguns valores negativos que deseja eliminar, como por exemplo: o orgulho, a vaidade, o desamor, a impaciência e a maledicência. Para conseguir algum resultado vai ter que estar sempre atento, policiando-se, para não praticar o orgulho, a vaidade, o desamor, a impaciência e a maledicência. Mas com a minha receita, basta você se ocupar apenas em desenvolver esses dois estados de espírito. Os resultados são muito mais amplos e profundos, porque você não combate os valores negativos, mas constrói os positivos, entende?
– Realmente – concorda Anastácio. Essa sua receita é um verdadeiro achado. Mas você falou em dois estados de espírito, a fraternidade e o contentamento. Por que este último?

– O contentamento é um verdadeiro elixir de vida. É fundamental para o equilíbrio do ser humano, a sua saúde e bem-estar. Imagine uma pessoa fraterna, mas triste, depressiva, espalhando vibração pesada por onde passa. Para mim, Espiritismo é luz para a mente e amor e alegria para o coração. Isto dá plenitude ao ser.
– Realmente, é impressionante! Vejo você, neste horrível forró, demonstrando serenidade e até mesmo alegria.
Um enfermeiro que se aproxima, ouvindo as últimas palavras de Anastácio, explica:
– Este “horrível forró” como você diz, é coisa nova no mundo espiritual. Ele existe em variados modelos, principalmente nos umbrais do Brasil. É um recurso fundamental na transição do movimento espírita para um patamar mais elevado de consciência, para uma nova era.

Manoel e Marieta se aproximam, desejosos de aprender. Jerônimo faz as apresentações:
– Este é o Bernardo, o enfermeiro que dá assistência neste núcleo. Este aqui é o Anastácio, recém-chegado da Terra. Os outros já se conhecem.
Bernardo olha com ar afetuoso para Anastácio, informando:
– Este tipo de reduto, ou asqueroso forró, como você disse, também é conhecido como incubadora da alma. Aqui acontecem as grandes transformações, os grandes aprendizados.

– É isso mesmo – intervém Suzana. – Somos assim como as sementes que são enterradas no seio da terra para começarem a germinar. Estamos enterrados aqui, para começarmos a transmutar nossa natureza inferior em luz. Descemos a este inferno, como primeiro passo a nos conduzir a níveis mais elevados de consciência.

Cada vez mais surpreendido, Anastácio retruca:
– Não entendi.
– Aqui é aquele momento em que começamos a perceber, com maior clareza, a nossa própria essência. É quando passamos a sentir intensamente a necessidade de vivenciar a nossa verdade mais profunda, sem nenhuma sombra de hipocrisia, sem qualquer máscara, sem subterfúgios.
– Ainda não estou entendo direito.
Gentilmente Bernardo se põe a explicar:
– Os espíritas com menores cargas de erros ou faltas vêm estagiar aqui, para poderem aprofundar-se mais em si mesmos, vasculhar as suas razões mais profundas, descer até às profundezas da própria consciência em busca da verdade sem máscaras.
Estranhando, Anastácio pergunta:
– Verdade sem máscaras? E existe alguma verdade mascarada?

Soa um apito mais parecido a um assovio e Bernardo se apressa em sair, fazendo sinal a Jerônimo, que continua as explicações:

– As religiões cristãs criaram o sentimento de culpa nas pessoas, para melhor poderem dominá-las. Como a culpa é um sentimento desagradável, todos cuidam de cobri-la com máscaras as mais diversas, a fim de poderem sentir-se melhor.
Suzana quebra o breve silêncio que se fizera, explicando:

– Aqui nos reunimos diariamente, assistidos por psicólogos. Eles nos ajudam a aceitar nossas inclinações negativas, como resultado natural das nossas longas elaborações reencarnatórias. Também nos auxiliam a nos auto-amar e, principalmente, a dinamizarmos nossos valores positivos. Isto é muito mais produtivo e ajuda a eliminar os sentimentos de culpa, que são muito prejudiciais.
– A ordem aqui – acrescenta Jerônimo – é o crescimento interior da criatura, e não o seu massacre sob o peso do carma. Nas nossas reuniões cada um fala de si mesmo, dos seus desacertos, quando na Terra, não para se culpar ou desculpar, mas para tentar entender melhor a si próprio.
– E é interessante observar – continua Suzana – que a maioria dos novatos declara-se inocente. Pela ótica deles, são realmente almas puras. Mas aqui são induzidos a mergulhar fundo nas próprias consciências, a procura das razões profundas para os seus atos. Isto porque muitos atos ou atitudes até mesmo louváveis, quando são tiradas todas as máscaras, mostram intenções escusas como a vaidade, a sede de poder, o despeito, a egolatria e até mesmo a omissão, em nome de falsos valores. Veja o seu próprio caso, caro Anastácio. Nas poucas horas em que está aqui, já mudou muitas das suas convicções, não é verdade?

– É verdade – confirma Anastácio. – Nunca me passou pela cabeça que eu usava máscaras. Mas agora estou vendo que usava.
 
Após instantes de silêncio pergunta:
– E essa música estridente, desagradável, essa força que nos obriga a nos movimentar numa dança grotesca?

– São as forças latentes nesta faixa vibratória e a sua manifestação pode ocorrer de várias formas – explica Jerônimo. – Aqui é nessa dança grotesca, porque obrigatória, onde os presentes vão gastando determinadas energias que precisam eliminar.
E tomando ares de quem vai falar algo importante, continua:
– Contam que no final do século XX, num memorável encontro no mundo espiritual, Bezerra de Menezes lançou as diretrizes para o terceiro período do Espiritismo, que se iniciou com o novo século. Esse deverá ser o período da ATITUDE, ou seja, a fraternidade e a alteridade, na prática, não apenas nas palavras.

Silenciou por instantes, continuando:
– É bem fácil observar como vem surgindo nos meios espíritas, embora de forma ainda muito tímida, uma nova mentalidade; grupos e pessoas muito preocupados com a evolução espiritual da comunidade e procurando meios que ajudem as pessoas nesse sentido. E aqui podemos dizer que é uma das salas da escola dos futuros espíritas, daqueles que decidirem engajar-se na construção da nova humanidade.
Com simpático sorriso Suzana esclarece:
– E olha que essa construção não é trabalho apenas para os espíritas. No mundo todo vem surgindo movimentos buscando mais fraternidade e alteridade em todos os relacionamentos.

Impressionado, Anastácio pergunta:
– E a prática da caridade... Onde fica?
– Fazer caridade pode ser merecimento, mas o mais importante é cuidar da evolução – responde Suzana, continuando em tom brincalhão:
– Não tem muito espírita que acha que fazendo caridade está ganhando bônus-hora e garantindo um espaço em Nosso Lar? Caridade é uma coisa, evolução é outra, entende? Na Terra, nos meios espíritas, pela grande dificuldade que representa a reforma interior, a maioria acaba substituindo-a por ações caritativas. Mas não é a  mesma coisa. A nossa evolução não decola se não buscarmos, por todos os meios, a vivência dos valores ou dos conteúdos espíritas, transformando discurso em atitudes. Assim, a caridade que fizermos, será movida pelo amor.

– Só que transformar discurso em atitudes é justamente o mais difícil – retruca Anastácio.

Jerônimo interfere:
– Não é tão difícil assim – já se esqueceu da receita da Suzana?
– É verdade. Havia me esquecido. Como é mesmo?

– A receita básica é simples. Você precisa se preocupar apenas com uma única ação: estabelecer sempre em si mesmo, nos seus estados de espírito, o contentamento e a fraternidade. Depois, vai acrescentando outros valores relacionados ao conhecimento, à sabedoria etc.
Jerônimo olha intencionalmente para Suzana que balança a cabeça afirmativamente. Pensa um pouco, como a procurar as palavras e dirigindo-se a Anastácio, diz:
– A Suzana e eu estamos elaborando uma espécie de agenda mínima, que pretendemos repassar para os nossos irmãos reencarnados. Nessa agenda, seguindo orientações do Dr. Bezerra, vamos colocar os pontos principais a serem observados por quem deseja realmente evoluir.
– Nós acreditamos que um dos grandes entraves em nossa evolução – explica Suzana – está no fato de os valores negativos a serem transmutados em positivos são tantos, e multiplicarem-se em tantas nuances e detalhes que acabamos nos perdendo em meio a tudo isso. Mas se organizarmos uma agenda mínima com os pontos mais importantes, estaremos trabalhando o cerne da questão. Assim, fixando-nos em apenas quatro ou cinco pontos, será muito mais fácil cumprirmos um roteiro evolutivo que irá alavancar nosso crescimento interior, de forma bem mais segura e proveitosa.

Anastácio estava alegremente surpreendido. Sempre encontrara grandes dificuldades para transmutar valores negativos em positivos. Refletiu um pouco e comentou em tom triste:
– Se eu tivesse tido acesso a esse tipo de idéias, a essa agenda mínima de que vocês falam, certamente não teria vindo para este horrível lugar.
Silenciou por instantes e continuou:
– Nos últimos anos, venho desenvolvendo uma teoria que vem ao encontro do que vocês disseram. Tenho observado que o grande vilão da nossa evolução é a memória, ou melhor, a falta dela. Sempre que nos decidimos a proceder de tal ou qual maneira, em consonância com os ensinamentos do Evangelho e os ditames da consciência, só percebemos que falhamos depois da palavra dita, da emoção sentida ou do ato praticado. Aí é tarde. Mas se, de acordo com a idéia de vocês, pudermos memorizar os pontos fundamentais...
– Olha só Jerônimo – exclama Suzana, entusiasmada. Isso da memorização de que fala o Anastácio vem complementar nossa idéia. Observe só a importância disso! Com uma agenda mínima, com apenas quatro ou cinco pontos fundamentais, será bem fácil criar procedimentos que ajudem a gerar memória; que ajam como lembretes.
– É isso mesmo! – Diz Jerônimo, sorridente. E dirigindo-se a Anastácio:
– Podemos “roubar” sua idéia?
– Claro que podem. Será um grande prazer para mim, poder contribuir com algo tão fundamental para a nossa evolução.

– E o melhor – conclui Jerônimo, exultante – é que vamos levar em breve essa agenda mínima para os reencarnados. Já está tudo mais ou menos acertado.
– E você vai colaborar conosco – afirma Suzana.

Antes que Anastácio possa dizer algo, Bernardo se aproxima e o segura pelo braço, dizendo gentilmente:
– Vem. Quero mostrar-lhe algo.
Aproximam-se de uma espécie de janela e Bernardo pergunta:

– Está vendo aquele pavilhão?
– Sim, estou vendo...
– É um pavilhão hospitalar – explica Bernardo,

Estranhando, Anastácio comenta:
– Tenho a impressão de que estão olhando para mim, como se eu pudesse ajudá-los.
– Não estranhe Anastácio – diz Jerônimo. – Estes doentes são apenas parte daqueles que deixaram de ser atendidos, por sua culpa.
Muito surpreendido e com uma pontinha de azedume, Anastácio retruca:
– Por minha culpa? Só pode ser engano. Eu sempre procurei ser um bom espírita. Bem... quero dizer, eu dediquei a minha vida inteira ao Espiritismo e, principalmente, à doutrinação de espíritos sofredores.
– Isso é verdade – confirma Bernardo. – Mas a sua tarefa sofreu muitos prejuízos por causa da sua vaidade e orgulho.

Anastácio abre a boca para retrucar mas se cala, enquanto Bernardo continua:
– Sim, Anastácio. Sou eu o enfermeiro que conduz os espíritos doentes ao socorro mediúnico no Centro onde você trabalhava. Os doentes deste pavilhão deveriam ter sido socorridos no grupo que se desfez, em razão de sua vaidade e falta de fraternidade. 

Num impulso indignado, Anastácio exclama:
– Mas eu não sou vaidoso.
– É sim, meu caro – afirma o enfermeiro. – Você foi sempre considerado o melhor doutrinador da casa e essa idéia lhe subiu à cabeça. No início, quando entrava na sala das reuniões suas vibrações eram de amor e desejo de ajudar. Mas aos poucos foi se empolgando com a admiração que sua doutrinação provocava em algumas pessoas e em si mesmo. E aí, quando entrava na sala, já não tinha mais aquela vibração de amor, de afeto. Você só ficava pensando em como falaria em tais e quais situações. Seu pensamento, em vez de buscar o Alto, ficava girando em torno dos temas brilhantes da doutrinação e, como você era o principal responsável pelo grupo, este começou a decair, até que se extinguiu.  Se você e o grupo tivessem se empenhado profundamente na reforma interior, na construção de atitudes verdadeiramente fraternas...
Anastácio baixa a cabeça, angustiado. Após alguns instantes murmura:
– Meu Deus! Eu que li tantos depoimentos de espíritos que esperavam ser recebidos com honras no mundo espiritual, mas se deparavam com realidades amargas...  Nunca pensei em me ver numa situação como esta. Oh, arrependimento profundo... como machuca! Ah, se eu pudesse voltar à vida! se pudesse...
Atira-se de joelhos, baixa a cabeça e balbucia com humildade:

– Meu Deus, tem piedade de mim! Tem piedade de mim! Tem piedade de mim!

Com o rosto molhado de pranto repete, angustiado:
– Tem piedade de mim! Me deixa voltar a viver...  Ah, meu Deus, me ajuda! Me ajuda! Tem piedade de mim!
Anastácio sente-se sacudido por mãos invisíveis. Já não vê o enfermeiro nem o ambiente onde estivera. Em meio ao nevoeiro formado pelas lágrimas, vê o rosto da esposa e percebe que é ela quem o sacode, enquanto diz:
– Anastácio! Acorda! Para com isso. Você está chorando... Deve ter sido algum pesadelo terrível...

Anastácio custa a entender que estivera sonhando. A esposa procura confortá-lo:
– Calma, querido, você teve um sonho mau. Foi só um sonho mau.
– Sonho mau – repete automaticamente.
Já completamente acordado, levanta-se de um pulo e começa a rir e a chorar ao mesmo tempo.
– Sonho mau? – Pergunta num rompante.  Foi o melhor sonho que já tive... O mais importante!! O mais importante de todos!

Ajoelha-se novamente e, ante o espanto da esposa, levanta o rosto e as mãos para o alto, exclamando:
– Obrigado, meu Deus... Obrigado... Obrigado...
Mais calmo, comenta:
– Agenda Mínima Espírita... Como será que vai chegar?
 
Fonte: Um Forró no Umbral e outros contos.  Saara Nousianinem.
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