Blog do CLE Missionários da Luz (o primeiro Clube do Livro Espírita de Olinda- PE), que tem como objetivo reunir os atuais associados, conquistar novos amigos e divulgar a Doutrina Espírita, praticando um dos belos conselhos do Espírito Emmanuel: "A maior caridade que praticamos, em relação à Doutrina Espírita, é a sua própria divulgação."Sejam todos bem vindos ao nosso Blog!Conheça,divulgue, compartilhe conosco este espaço que é de todos nós!

sábado, 31 de março de 2012

Hoje Completam 143 anos do Desencarne de Allan Kardec

Prezados irmãos, hoje completam 143 do desencarne do insigne codificador de nossa Doutrina, o Sr. Allan Kardec.
Dia marcado de homenagens e nós queremos, de forma singela prestar nossa homenagem e agradecimento pelo belo trabalho dedicado a codificação da Doutrina Espírita!
E para homenageá-lo iremos transcrever  o belo e emocionante discurso de Camille Flammarion em sua homenagem:


Camille Flammarion e seu histórico discurso, proferido em 31 de março de 1869, na ocasião do sepultamento de Allan Kardec:




Senhores,


"Submetendo-me, com deferência, no convite simpático dos amigos do pensador laborioso, cujo corpo terreno jaz agora aos nossos pés, lembro-me de um dia sombrio de dezembro de 1865. Eu pronunciava então as supremas palavras de adeus sobre o túmulo do fundador da Livraria Acadêmica, o honrado Didier, que foi, como editor, o colaborador convicto de Allan Kardec na publicação das obras fundamentais de uma doutrina que lhe era cara, e que morreu também subitamente, como se o céu tivesse querido poupar a esses dois espíritos íntegros o embaraço filosófico de sair desta vida por um caminho diferente do comum. A mesma reflexão se aplica a morte do nosso antigo colega Jobard, de Bruxelas.


"Hoje minha tarefa é ainda maior, porque eu desejaria poder representar ao pensamento dos que me escutam, e ao de milhões de homens que, na Europa inteira e no novo mundo, se ocuparam do problema ainda misterioso dos fenômenos ditos espíritas; desejaria, digo eu, poder representar-lhes o interesse científico e o futuro filosófico do estudo desses fenômenos (a que se entregaram, como ninguém ignora, homens eminentes entre os contemporâneos). Gostaria de lhes fazer entrever que horizontes desconhecidos verá o pensamento humano abrir-se à sua frente, à medida que estender o seu conhecimento positivo das forças naturais em ação em torno de nós; mostrar-lhes que tais constatações são o antídoto mais eficaz da lepra do ateísmo, que parece atacar particularmente a nossa época de transição, e, enfim, aqui testemunhar publicamente o eminente serviço que o autor do Livro dos Espíritos prestou à Filosofia, chamando a atenção e a discussão para fatos que, até agora, pertenciam ao domínio mórbido e funesto das superstições religiosas.


"Com efeito, seria um ato importante aqui estabelecer, diante deste túmulo eloqüente, que o exame metódico dos fenômenos, erradamente chamados sobrenaturais, longe de renovar o espírito supersticioso e de enfraquecer a energia da razão, ao contrário, afasta os erros e as ilusões da ignorância e serve melhor ao progresso que a negação ilegítima dos que não se querem dar ao trabalho de ver.


Mas não é aqui o lugar para abrir a arena à discussão irreverente. Deixemos apenas descer de nossos pensamentos, sobre a face impassível do homem deitado à nossa frente, testemunhos de afeição e sentimentos de pesar, que fiquem, em sua volta e à volta do seu túmulo como um bálsamo do coração! E desde que sabemos que sua alma eterna sobrevive a esses despojos mortais, como lhes preexistiu; desde que sabemos que laços indestrutíveis ligam nosso mundo visível ao mundo invisível; desde que esta alma existe hoje tão bem como há três dias, e que não é impossível achar-se atualmente à minha frente, digamos-lhe que não quisemos ver apagar-se a sua imagem corporal e encerrá-la em seu sepulcro, sem honrar unanimemente os seus trabalhos e a sua memória, sem pagar um tributo de reconhecimento à sua encarnação terrestre, tão utilmente e tão dignamente realizada.


"De início, traçarei em rápido esboço as linhas principais de sua carreira literária.


"Morto aos sessenta e cinco anos, Allan Kardec havia consagrado a primeira parte de sua vida a escrever obras clássicas, destinadas sobretudo ao uso dos instrutores da mocidade. Quando, lá por 1850, as manifestações, em aparência novas, das mesas girantes, das batidas sem causa ostensiva, dos movimentos insólitos de objetos e de móveis, começaram a atrair a atenção pública e, mesmo, provocaram em imaginações aventurosas uma espécie de febre, devida à novidade dessas experiências, Allan Kardec, estudando ao mesmo tempo o magnetismo e seus estranhos efeitos, seguiu com a maior paciência e uma judiciosa clarividência as experiências e as tentativas tão numerosas, então feitas em Paris. Recolheu e pôs em ordem os resultados obtidos nessa longa observação, e com eles compôs o corpo de doutrina publicado em 1857, na primeira edição do Livro dos Espíritos. Todos sabeis que sucesso acolheu esta obra, na França e no estrangeiro.


"Atingindo hoje sua décima-sexta edição, ele espalhou em todas as classes esse corpo de doutrina elementar, que não é novo em sua essência, de vez que a escola de Pitágoras, na Grécia, e a dos Druidas, em nossa própria Gália, ensinavam os seus princípios, mas que revestia uma verdadeira forma de atualidade, por sua correspondência com os fenômenos.


"Depois desta primeira obra apareceram, sucessivamente: o Livro dos Médiuns, ou Espiritismo Experimental; Que é o Espiritismo? resumo sob a forma de perguntas e respostas; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno; A Gênese; e a morte veio surpreendê-lo no momento em que, em sua atividade infatigável, trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo.


"Pela Revista Espírita e a Sociedade de Paris, da qual era presidente, ele se havia, de certo modo, constituído em centro para onde tudo convergia, o traço de união de todos os investigadores. Há alguns meses, sentindo próximo o seu fim, preparou as condições de vitalidade desses mesmos estudos após a sua morte, e estabeleceu a Comissão Central que o sucede.


"Despertou rivalidades; fez escola sob uma forma um tanto pessoal; existe ainda alguma divisão entre os "espiritualistas" e os "espíritas". De agora em diante, senhores (tal é, pelo menos, o voto dos amigos da verdade), devemos estar todos reunidos por uma solidariedade confraternal, pelos mesmos esforços para a elucidação do problema, pelo desejo geral e impessoal da verdade e do bem.


"Quantos corações foram consolados, de início, por esta crença religiosa! Quantas lágrimas foram enxutas! Quantas consciências abertas aos raios da beleza espiritual! Nem todos são felizes aqui na Terra. Muitas afeições foram destruídas! Muitas almas foram adormecidas pelo ceticismo. Não será nada haver trazido ao Espiritualismo tantos seres que flutuavam na dúvida e que não mais amavam a vida física nem a intelectual?


"Allan Kardec era o que eu chamarei simplesmente "o bom senso encarnado." Raciocínio reto e judicioso, aplicava, sem esquecer, à sua obra permanente as indicações íntimas do senso comum. Aí não estava uma qualidade menor, na ordem das coisas que nos ocupam. Era - pode-se afirmar - a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não poderia tornar-se popular, nem lançar no mundo as suas raízes imensas.


Em maioria, aqueles que se entregaram a esses estudos lembraram-se de ter sido, na mocidade ou em certas circunstâncias especiais, testemunhas de manifestações inexplicadas; há poucas famílias que não tenham observado em sua história acontecimentos desta ordem. O primeiro ponto era aplicar a esses fatos o raciocínio firme do simples bom-senso e examina-los segundo os princípios de método positivo.


"Como o próprio organizador deste estudo demorado e difícil previra, esta doutrina, até então filosófica, deve entrar agora em seu período científico. Os fenômenos físicos, sobre os quais não se insistiu de começo, devem tornar-se objeto da crítica experimental, sem a qual nenhuma constatação séria é possível. Este método experimental, ao qual devemos a glória do progresso moderno e as maravilhas da eletricidade e do vapor, deve colher os fenômenos de ordem ainda misteriosa, a que assistimos, dissecá-los, medi-los, defini-los.


"Porque, senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o abecê. O tempo dos dogmas terminou. A Natureza abarca o Universo. O próprio Deus, que outrora foi feito à imagem do homem, não pode ser considerado pela Metafísica moderna senão como um espírito na Natureza. O sobrenatural não existe. As manifestações obtidas através dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo. são de ordem natural e devem ser severamente submetidas ao controle da experiência. Não há mais milagres. Assistimos à aurora de uma Ciência desconhecida. Quem poderá prever a que conseqüências conduzirá, no mundo do pensamento, o estudo positivo desta Psicologia nova?


"De agora em diante a Ciência rege o mundo. E, senhores, não será estranho a este discurso fúnebre notar sua obra atual e as induções novas que ela nos descobre, precisamente do ponto de vista de nossas pesquisas."


Aqui o Sr. Flammarion entra na parte científica de seu discurso. Expõe o estado atual da Astronomia e o da Física, desenvolvendo particularmente as descobertas relativas à recente análise do espectro solar. Destas descobertas resulta que não vemos quase nada do que se passa em torno de nós na Natureza. Os raios caloríficos que evaporam a água formam as nuvens, causam os ventos, as correntes, organizam a vida do globo, são invisíveis para a nossa retina. Os raios químicos que regem os movimentos das plantas e as transformações químicas do mundo inorgânico são igualmente invisíveis. A Ciência contemporânea autoriza, pois, os pontos de vista revelados pelo Espiritismo e nos abre, por sua vez, um mundo invisível real, cujo conhecimento só pode esclarecer-nos quanto ao modo de produção dos fenômenos espíritas.


A seguir, o jovem astrônomo apresentou o quadro das metamorfoses, do qual resulta que a existência e a Imortalidade da alma se revelam pelas mesmas leis da vida.


***




Após a exposição científica, assim terminou ele:


"Aquele cuja visão é limitada pelo orgulho ou pelo preconceito e não compreendem esses desejos ansiosos de nossos pensamentos, ávidos de conhecimentos, que atirem sobre tal gênero de estudos o sarcasmo ou o anátema! Nós erguemos mais alto as nossas contemplações!... Tu foste o primeiro, ó mestre e amigo! tu foste o primeiro que, desde o começo de minha carreira astronômica, testemunhou uma viva simpatia por minhas deduções relativas à existência das Humanidades Celestes; porque, tomando nas mãos o livro Pluralidade dos mundos habitados, puseste-o a seguir na base do edifício doutrinário que sonhaste. Muitas vezes nos entretínhamos, juntos, sobre esta vida celeste tão misteriosa. Agora, ó alma! sabes por uma visão direta em que consiste essa vida espiritual, à qual todos retornaremos, e que esquecemos durante esta existência.


"Agora voltaste a esse mundo de onde viemos e colhes o fruto de teus estudos terrenos. Teu invólucro dorme aos nossos pés, teu cérebro está extinto, teus olhos estão fechados para não mais se abrirem, tua palavra não mais será ouvida!... Sabemos que todos nós chegaremos a esse último sono, à mesma inércia, à mesma poeira. Mas não é neste envoltório que pomos a nossa glória e a nossa esperança. O corpo cai, a alma fica e retorna ao Espaço. Encontrar-nos-emos num mundo melhor. E, no céu imenso, onde se exercitarão as nossas mais poderosas faculdades, continuaremos os estudos que na Terra dispunham de local muito acanhado para os conter. Preferimos saber esta verdade, a crer que jazes por inteiro neste cadáver, e que tua alma tenha sido destruída pela cessação do jogo de um órgão. A imortalidade é a luz da vida, como este sol brilhante é a luz da Natureza.


"Até logo, meu caro Allan Kardec, até logo."



Fonte:http://www.camilleflammarion.org.br/centroespirita.htm

sexta-feira, 30 de março de 2012

O Aborto

Uma grande discussão vem tomando a sociedade de hoje, e é claro que eu não poderia deixar de lado, uma assunto tão importante como este.

Mas afinal, é correto cometer um aborto?

analisemos...

A Doutrina Espírita trata clara e objetivamente a respeito do aborto, na questão 358 de sua obra básica O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

Pergunta – Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

Resposta – “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”.

Sobre os direitos do ser humano, foi categórica a resposta dos Espíritos Superiores a Allan Kardec na questão 880 de O Livro dos Espíritos:

Pergunta – Qual o primeiro de todos os direito naturais do homem?

Resposta – “O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal”.

Na questão 344 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga aos Espíritos Superiores:

Pergunta – Em que momento a alma se une ao corpo?

Resposta – “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

Mas existe uma excessão!!


O procedimento abortivo é moral somente numa circunstância, segundo O Livro dos Espíritos, na questão 359, respondida pelos Espíritos Superiores:

Pergunta – Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

Resposta – “Preferível é que se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.’

Por tanto concluimos que só é permitido o aborto em caso de risco de vida da gestante.
e que fora disso está contra as leis de Deus.

Obrigado!!

Fonte:

quinta-feira, 29 de março de 2012

Todos Podemos Ajudar




A caridade não é trabalho exclusivo daquele que se encontra temporariamente detido na abastança material.


É, sobretudo, amor, auxílio, doação de si mesmo.

Todos podemos ajudar.


Se és rico de saúde, não te esqueças da palavra de estímulo ao doente.


Se a cultura intelectual te felicita o raciocínio, não olvides o irmão que reclama o teu concurso para melhorar-se.


Se possuis a fé, ajuda ao descrente, dando-lhe o testemunho de tua renovação espiritual.


Se recebeste o dom da alegria, não te esqueças do triste e ampara-o, a fim de que se reerga no caminho da esperança.


Cada qual pode ser rico na posição em que se encontra.


Se o homem de grande expressão financeira pode ser o rico de ouro terrestre, o homem pobre de recursos materiais pode ser rico de talentos do espírito.


O doente pode ser rico de paciência e coragem, tanto quanto a pessoa de excelente saúde pode ser rica de bondade e cooperação.


O homem maduro pode ser rico de tolerância e carinho.


O moço pode ser rico de disciplina e boa vontade.


A penúria só existe onde a preguiça e a ignorância dominam.


Procura a tua fortuna e espalha-lhe as bênçãos.


A vida te compensará, infinitamente, cada gesto de amor que fixares na alma dos semelhantes, auxiliando-os de algum modo.


Deus é o Nosso Pai de Ilimitada Misericórdia, mas também de Infinita Riqueza.


Na condição de seus filhos, distribuamos os recursos que a vida nos empresta, em Seu Nome, convencidos de que o Céu nos retribuirá sempre, de conformidade com as nossas próprias obras.





Emmanuel
(Livro "Mãos Marcadas", de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos)


quarta-feira, 28 de março de 2012

Em "E a Vida Continua"


"Por suas indagações, a autoridade do instituto identificara a sua posição no conhecimento e, por suas respostas, saberá o momento de suas necessidades."
[Livro: "E a Vida continua" - capitulo 10]

Eis a ciência de ouvir, para ajudar.

Amiúde, no trato cotidiano com as criaturas que nos cercam, ficamos vivamente impressionados com a coletânea de informações que elas nos fornecem espontaneamente, no desenvolvimento do diálogo, ou em resposta as varias inquirições ou contestações que lhe representemos.

As ideias articuladas comandam nossas relações.

São esses estímulos que precipitam a reação de nossa emotividade, revelando-nos ora sumamente gratos aos que nos dirigem a palavra, ora dolorosamente destrambelhados com os que catalogamos por injuriadores e ofensores de nossa sensibilidade.

Vale, contudo, reconsiderar o verbo.

O brado de revolta é pedido de socorro.

É um S.O.S. da própria alma, no instante preciso de seu naufrágio, chocando-se contra recifes do desequilíbrio, requerendo que a nossa serenidade se transforme em salva-vidas oportuno.

A palavra de malicia é confissão de loucura.

Mesmo quando desorne lábios que sorriem, emoldurados por olhos que rebrilham, são mensagens emitidas pela onda de obsessão, transmitidas por obsidiados de variadas matizes, necessitando o esforço da oração silenciosa a seu favor.

A dramatização dos próprios AIS é enfermidade grave.

Nascendo em almas que se elevam ao clímax suas pequenas mazelas, são produtos de criatura seriamente mimada em sua harmonia interior, que logo mais encontrara o estilete da dor, a fim de retornar ao seu equilíbrio, caso não aceite o concurso do trabalho no campo do amor ao próximo.

A prolixidade é grave distúrbio do coração.


Essa sensação de insegurança, acobertada por um rio de palavras, denuncia os que estão sob a hipnose da fantasia, movendo-se no panorama do egoismo, disputando ardentemente a atenção do mundo para si mesmos, desocupados ainda da lei da fraternidade, do amor legitimo, da renuncia santificante, do valor exato de nossa pequenez.

Frases de pessimismo revelam cálculos celebrais.

A atmosfera de negação e desalento, que espraiam com o azedume cuidadosamente cultivado, é sintoma que permite diagnosticar que esta ocorrendo seria obstrução nos condutos do raciocínio, ilhando os infelizes em douradas exteriorizações do orgulho, em franca confinação de virtudes espirituais sublimes.

Falar, todos falamos.

Urgente é, porem, saber distinguir não o que a criatura esta dizendo.

Por trás de suas palavras oculta-se um quadro de necessidades espirituais que, desvendadas por nos, servira para que tracemos o seu roteiro regenerativo.

Os nossos mentores sabem ouvir-nos.
Recolhem as nossas proposições, as nossas promessas de fidelidade, as nossas afirmações de trabalho, os nossos pedidos de esclarecimentos, o nosso parlatório sobre a Doutrina, as nossas plataformas de burilamento intimo e pessoal.

Mas, não nos atendem exatamente no que externamos e sim no que temos necessidade, porque só raramente o nosso anseio corresponde a nossa efetiva carência espiritual.

Na realidade, diariamente manipulamos milhares de palavras, em frases que ressonam nas mais diferentes tonalidades, sem chegar a definir a nossa efetiva posição mental.

*****

No capitulo das indagações, porém, o panorama é outro.

Mesmo quando trazemos títulos nobilitantes, conferidos pelos nossos Institutos de Cultura Superior, na consagração de uma profissão responsável, raramente sabemos articular indagações com equilíbrio.

Poucos os que se indagaram:
-Quem sou eu afinal?

Difícil fazermos esta indagação, porque em geral nos colocamos na posição de quem esta mais interessado em saber quem são os outros do mundo, despreocupados, nos mesmos, em definir o nosso legitimo papel no grande drama universal da Evolução.

Talvez nunca tenhamos inquirido:

-De onde vim?

O mais comum é estarmos consagrando o berço que nos acolheu como uma estacão inicial de nossa existência, atribuindo, na moderna psicanálise, todos os desníveis de nosso caráter aos pais que nos albergaram em seu ninho de afeto ou aos parentes que nos suportaram as impertinências infantis ou aos companheiros que se sacrificaram, garantindo-nos a continuidade da existência.

Não nos ocupamos com a vida antes do lar.

E poucos já se perguntaram.

-Para onde irei?

Embora a morte seja um fenômeno continuo e dia a dia vejamos amigos e parentes nos portais do "até breve", o cemitério não nos parece um hotel destinado a hospedagem de nosso próprio implemento físico.

Falamos da morte qual se jamais fossemos experimenta-la e, por isso, edificamos a nossa vida qual se fossemos imortalizar-nos no corpo de que nos servimos, senhores das propriedades que amealhamos.

As indagações, com as quais buscamos tão somente afirmacões de nosso próprio pensamento, endosso de nossas preferências, são, no fundo, meros jogos de informações, a semelhança das "negações afirmativas" usuais em nossa linguagem.

A pobreza de nossas inquirições reflete o paupérrimo de nossa personalidade, que, quase sempre, rebrilha com o falso fulgor das demostrações de nossa cultura e, só escassamente, se externa com alguma sabedoria, fruto do amadurecimento de nosso senso moral.

Não há nenhum curso para apreender a perguntar.

Sócrates, mestre na arte de levar o homem a duvida, a fim de que examinando o Bem a criatura se agigantasse moral e intelectualmente, liberando-se de fabulas e falsidades, transmitia, com o mesmo dinamismo da Doutrina Espírita - cristã, ricas noções, sistemáticas, a fim de que os discípulos amadurecessem pelo esforco próprio.

Somos pobres de indagações.
*****

Quem, pois, esta a campo para ajudar, apreendera a ouvir .

Ouvir indagações e ouvir informações.

André Luiz, numa sabedoria que precede ao estagio de nossos conhecimentos, verte um mundo inteiramente novo, a solicitar muita reflexão, nessa frase recolhida no se "E a Vida Continua...", psicografia de nosso Chico Xavier.

Por ela e com ela, poderemos reordenar os extensos departamentos de nossa alma, admitindo que, falando, externamos necessidades; indagando, revelamos o que se incorporou em nossa personalidade, imprimindo-lhe o sentido de avanço, do ir alem, de não estacionar.

Roque Jacintho.

Texto retirado da "Revista Seareiro" / www.espiritismoeluz.org.br

terça-feira, 27 de março de 2012

Homenagem Aos 65 Anos de Oratória Espírita de Divaldo Franco!







Há exatos 65 anos (27 de março de 1947) nosso querido Divaldo Pereira Franco proferia, no Espaço Emes em Aracajú, Sergipe, sua primeira palestra pública! Divaldo contava então com apenas 19 anos de vida! 
Hoje, aos 84 e com total vigor e disposição em seu trabalho de levar às multidões os ensinamentos da Doutrina Espírita sob a égide de Jesus, Divaldo traz números que impressionam ao longo de sua jornada de amor e trabalho cristãos: São mais de 13.000 conferências em mais de 2.000 cidades no Brasil e 64 países; 7 conferências na ONU; Mais de 200 livros publicados psicografados através de 211 autores espirituais, desses livros houve cerca de 80 versões para 16 idiomas e mais de 10.000.000 de exemplares vendidos no mundo!
Porém o mais importante é perceber que Divaldo continua até hoje, com toda a simplicidade e humildade, a cumprir sua missão de divulgador da Doutrina Consoladora do Mestre Jesus!


Querido Divaldo! Queremos, nessa data tão especial, pedir a Deus que continue o abençoando e iluminando o seu caminho!
Você é um exemplo a ser seguido por todos nós, que abraçamos a Doutrina do Cristo! Exemplo de fé, humildade, dedicação e acima de tudo, AMOR!
Somos honrados e agradecidos a Deus que nos permite a alegria de tê-lo entre nós, nos mostrando que, apesar de muitas dores e dificuldades, podemos sim, se assim o desejarmos verdadeiramente, sermos discípulos de Jesus!


Paz e luz!


As Vidas Passadas de Emmanuel


Emmanuel, exatamente assim, com dois "m" se encontra grafado o nome do espírito, no original francês “L'évangile selon le spiritisme”, em mensagem datada de Paris, em 1861 e inserida no cap. XI, item 11 da citada obra, intitulada "O egoísmo". 
O nome ficou mais conhecido, entre os espíritas brasileiros, pela psicografia do médium mineiro Francisco Cândido Xavier. Segundo ele, foi no ano de 1931 que, pela primeira vez, numa das reuniões habituais do Centro Espírita, se fez presente o bondoso espírito Emmanuel. 
Descreve Chico: “Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz.”
Convidado a se identificar, apresentou alguns traços de suas vidas anteriores, dizendo-se ter sido senador romano, descendente da orgulhosa “gens Cornelia” e, também sacerdote, tendo vivido inclusive no Brasil. 
De 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium mineiro as suas impressões, dando-nos a conhecer o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius, em vida pregressa Públio Lentulus Sura, e que culminou no romance extraordinário : Há dois mil anos. 
Públio é o homem orgulhoso, mas também nobre. Roma é o seu mundo e por ele batalha. Não admite a corrupção, mostrando, desde então, o seu caráter íntegro. Intransigente, sofre durante anos, a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem ama. Para ela, nos anos da mocidade, compusera os mais belos versos: "Alma gêmea da minha alma/ Flor de luz da minha vida/ Sublime estrela caída/ Das belezas da amplidão..." e, mais adiante: “És meu tesouro infinito/ Juro-te eterna aliança/ Porque eu sou tua esperança/ Como és todo o meu amor!” 
Tem a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou servo do mundo, escolhe a segunda. 
Não é por outro motivo que escreve, ao início da citada obra mediúnica: “Para mim essas recordações têm sido muito suaves, mas também muito amargas. Suaves pela rememoração das lembranças amigas, mas profundamente dolorosas, considerando o meu coração empedernido, que não soube aproveitar o minuto radioso que soara no relógio da minha vida de Espírita, há dois mil anos.” 
Desencarnou em Pompéia, no ano de 79, vítima das lavas do vulcão Vesúvio, cego e já voltado aos princípios de Jesus. 
Cinqüenta anos depois, no ano de 131, ei-lo já de retorno ao palco do mundo. Nascido em Éfeso, de origem judia, foi escravizado por ilustres romanos que o conduziram ao antigo país de seus ascendentes. Nos seus 45 anos presumíveis, Nestório mostra no porte israelita, um orgulho silencioso e inconformado. Apartado do filho, que também fora escravizado, tornaria a encontrá-lo durante uma pregação nas catacumbas onde ele, Nestório, tinha a responsabilidade da palavra. Cristão desde os dias da infância, é preso e, após um período no cárcere, por manter-se fiel a Jesus, é condenado à morte. 
Junto com o filho, Ciro, e mais uma vintena de cristãos, num fim de tarde, foi conduzido ao centro da arena do famoso circo romano, situado entre as colinas do Célio e do Aventino, na capital do Império. Atado a um poste por grossas cordas presas por elos de bronze, esquelético, munido somente de uma tanga que lhe cobria a cintura, até os rins, teve o corpo varado por flechas envenenadas. Com os demais, ante o martírio, canta, dirigindo os olhos para o Céu e, no mundo espiritual, é recebido pelo seu amor, Lívia. 
Pelo ano 217, peregrina na Terra outra vez. Moço, podemos encontrá-lo nas vestes de Quinto Varro, patrício romano, apaixonado cultor dos ideais de liberdade. 
Afervorado a Jesus, sente confranger-lhe a alma a ignorância e a miséria com que as classes privilegiadas de Roma mantinham a multidão. 
O pensamento do Cristo, ele sente, paira acima da Terra e, por mais lute a aristocracia romana, Varro não ignora que um mundo novo se formava sobre as ruínas do velho. 
Vítima de uma conspiração para matá-lo, durante uma viagem marítima, toma a identidade de um velho pregador de Lyon, de nome Corvino. Transforma-se em Irmão Corvino, o moço e se torna jardineiro. Condenado à decapitação, tem sua execução sustada após o terceiro golpe, sendo-lhe concedida à morte lenta, no cárcere. 
Onze anos após, renasce e toma o nome de Quinto Celso. Desde a meninice, iniciado na arte da leitura, revela-se um prodígio de memória e discernimento. 
Francamente cristão, sofreu o martírio no circo, amarrado a um poste untado com substância resinosa ao qual é ateado fogo. Era um adolescente de mais ou menos 14 anos. 
Sua derradeira reencarnação se deu a 18 de outubro de 1517 em Sanfins, Entre-Douro-e-Minho, em Portugal, com o nome de Manoel da Nóbrega, ao tempo do reinado de D. Manoel I, o Venturoso. 
Inteligência privilegiada, ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos 17 anos. Aos 21, está na faculdade de Cânones da Universidade, onde freqüenta as aulas de direito canônico e de filosofia, recebendo a láurea doutoral em 14 de junho de 1541. 
Vindo ao Brasil, foi ele quem estudou e escolheu o local para a fundação da cidade de São Paulo, a 25 de janeiro de 1554. A data escolhida, tida como o dia da Conversão do apóstolo Paulo, pretende-se seja uma homenagem do universitário Manoel da Nóbrega ao universitário Paulo de Tarso  
O historiador paulista Tito Lívio Ferreira, encerra sua obra “Nóbrega e Anchieta em São Paulo de Piratininga” descrevendo: “Padre Manoel da Nóbrega fundara o Colégio do Rio de Janeiro. Dirige-o com o entusiasmo de sempre. Aos 16 de outubro de 1570, visita amigos e principais moradores. Despede-se de todos, porque está, informa, de partida para a sua Pátria. Os amigos estranham-lhe os gestos. Perguntam-lhe para onde vai. Ele aponta para o Céu.” 
No dia seguinte, já não se levanta. Recebe a Extrema Unção. Na manhã de 18 de outubro de 1570, no próprio dia de seu aniversário, quando completava 53 anos, com 21 anos ininterruptos de serviços ao Brasil, cujos alicerces construiu, morre o fundador de São Paulo. 
E as últimas palavras de Manoel da Nóbrega são: “Eu vos dou graças, meu Deus, Fortaleza minha, Refúgio meu, que marcastes de antemão este dia para a minha morte, e me destes a perseverança na minha religião até esta hora.” 
E morreu sem saber que havia sido nomeado, pela segunda vez, Provincial da Companhia de Jesus no Brasil: a terra de sua vida, paixão e morte. 
A título de curiosidade, encontramos registros que o deputado Freitas Nobre, já desencarnado na atualidade, declarou, em programa televisivo da TV Tupi de São Paulo, na noite de 27 para 28 de julho de 1971, que ao escrever um livro sobre Anchieta, teve a oportunidade de encontrar e fotografar uma assinatura de Manuel da Nóbrega, como E. Manuel. 
Assim, o E inicial do nome do mentor de Francisco Cândido Xavier se deveria à abreviatura de Ermano, o que, segundo ele, autorizaria a que o nome fosse grafado Emanuel, um "m" somente e pronunciado com acentuação oxítona. 






Fonte: www.autoresespiritas classicos.com



segunda-feira, 26 de março de 2012

O Livre Arbítrio


Que é o livre-arbítrio? Abrindo “O Livro dos Espíritos”, vamos encontrar no Capítulo X - Da Lei de Liberdade -, 3ª Parte da obra, oito questões relacionadas com o assunto livre-arbítrio (Questões 843 a 850), nas quais os Espíritos superiores instruem-nos a respeito.

Logo na Questão 843, indaga o Codificador se o homem tem o livre-arbítrio de seus atos. E os Espíritos respondem que se tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar, porquanto, sem o livre-arbítrio ele seria máquina.


Em resposta à Questão 845, os Espíritos afirmam que conforme se trate de Espírito mais ou menos adiantado, as predisposições instintivas podem arrastá-lo a atos repreensíveis, porém não existe arrastamento irresistível.


Basta que o Espírito (encarnado ou desencarnado), sendo consciente do mal a que esteja ou se sinta arrastado, utilize a vontade no sentido de a ele resistir.


Verificamos, no contexto geral das Questões acima referidas, que não há desculpa óbvia para o mal que o homem venha a praticar, uma vez que ele, por mais imperfeito que seja, tem a consciência do ato que pratica - se é bom ou se é mau.


O livre-arbítrio é uma faculdade indispensável ao ser humano, não nos resta qualquer dúvida, pois, sem ele, já foi dito, o ser espiritual seria simples máquina ou robô, sem qualquer responsabilidade dos atos que viesse a praticar.


É justamente a faculdade do livre-arbítrio que empresta ao homem certa semelhança com o Pai soberano do Universo. E constitui desiderato pleno desse Pai magnânimo que os Espíritos, seus filhos, cresçam para a glória eterna, iluminando-se na prática da sabedoria e do bem.


A prática do mal pelo Espírito, encarnado ou desencarnado, não tem qualquer justificativa porque ele sabe quando obra indevidamente. Caim, no exemplo bíblico, ao matar Abel, tinha plena consciência do que fazia tanto que o fez às escondidas. O que faltou a Caim foi a compreensão de que nada há oculto aos olhos de Deus!


Pode-se, verdadeiramente, lesar os homens, pode-se até mesmo lesar-se a si próprio, mas nunca lesará alguém a magnânima justiça de Deus.


Esclarece-nos a Revelação da Revelação, ou “Os Quatro Evangelhos”, que o Espírito antes de encarnar toma resoluções quanto ao gênero das provações, quanto à extensão e ao termo delas, até mesmo quanto à duração da existência bem como quanto aos atos que praticará durante a mesma, no entanto, o emprego, o uso ou o abuso que ele faz da vida terrena muitas vezes o impedem de atingir o limite e o bom cumprimento daquela resolução (1º Volume, pág. 139, 7ª edição FEB).


No caso enfocado, o Espírito teve o livre-arbítrio de programar o que seria a sua encarnação, no entanto, em função do próprio livre-arbítrio, por usá-lo mal ou dele abusar, estragou um bom programa de vida. Há, porém, aqueles que procuram justificar-se com fundamento no esquecimento produzido pelo véu da carne.


Os Espíritos, todavia, em resposta à Questão 392 de “O Livro dos Espíritos”, explicam que “não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro.” E concluem: “Esquecido de seu passado ele é mais senhor de si.”


Vejamos, por exemplo, uma situação em que determinado indivíduo houvesse sido homicida em sua última encarnação e tivesse programado para a atual existência a quitação desse delito. Não obstante a desnecessidade de desencarnar assassinado, ele não teria paz até o dia de seu retorno à vida espírita. Estaria sempre sobressaltado e na expectativa da presença de alguém que lhe viesse subtrair a vida física, se recordasse sua transgressão anterior.


O esquecimento do passado é necessário, misericordioso, e justifica perfeitamente a prova ou provas a que todos estamos naturalmente submetidos, pois essa é uma das funções da vida corporal.


Sentimos a importância do livre-arbítrio quando somos levados a tomar decisões que incomodam a consciência... Isto significa quanto o Pai celestial é bom, nos ama e se preocupa com o nosso progresso. Concede-nos o livre-arbítrio, mas concede-nos igualmente a consciência, espécie de censor natural, que nos alerta quando dele pretendemos abusar.


A propósito queremos fazer um paralelo entre duas informações ou elucidações em torno do livre-arbítrio e as conseqüências de sua errônea utilização. Uma se encontra em “Os Quatro Evangelhos” ou Revelação da Revelação (lº Vol. pág. 299, 7ª edição FEB), nos seguintes termos:


“Esses Espíritos presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais materiais da Humanidade, são então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne, encarnam em mundos primitivos, ainda virgens do aparecimento do homem, mas preparados e prontos para essas encarnações (grifos da obra).


A outra se encontra em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Capítulo III, Item 16, edição FEB), nos termos seguintes:


“Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! Há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.”


Em ambas as elucidações, vê-se que o livre-arbítrio é um dom de que o Espírito pode abusar, mas terá sempre de enfrentar as conseqüências desse abuso, sofrendo encarnações destinadas a purificá-lo, transformá-lo, regenerá-lo, o que não deixa de ser pena de efeito verdadeiramente misericordioso.


Os itens 16 e 17 desse capítulo de “O Evangelho segundo o Espiritismo” são constituídos de uma mensagem de Santo Agostinho, que deve ser lida atenciosamente pelo espírita estudioso. Pois a questão livre-arbítrio confunde bastante aqueles que a conhecem apenas superficialmente, literariamente, sem analisar-lhe a profundidade científico-filosófica.


Há, ainda, aqueles que confundem livre-arbítrio com direito, quando são duas coisas diferentes. No livre-arbítrio temos uma ação voluntariosa de escolha entre alternativas diferentes em que o ator é responsável pelas conseqüências do seu ato. Na ciência do direito a responsabilidade do ato praticado decorre da lei humana.


A Doutrina Espírita exerce, portanto, considerável papel em sua função de Consolador prometido pelo Cristo de Deus: o de alertar as almas que atingiram determinado degrau da escala evolutiva, em que a alegação de ignorância já não atenua determinados erros cometidos em função do livre-arbítrio. No que diz respeito aos habitantes de um mundo em vias de mudança para estágio de regeneração, vale acentuar ainda, conforme vimos acima, a função da consciência como faculdade de alertamento no processo optativo das alternativas para a ação.


A Doutrina está no mundo para todos. Ela não pertence aos espiritistas. Enviou-a Jesus à Humanidade. Os espiritistas somos apenas seus instrumentos de exemplificação e divulgação sem qualquer outro “privilégio” além da consciência do livre-arbítrio.

Inaldo Lacerda Lima

Revista Reformador nº 1984 – Julho/1994

sexta-feira, 23 de março de 2012

Bem Aventurados os que São Misericordiosos - Perdoai, Para Que Deus Vos Perdoe


1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.)
2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; - mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e 15.)
3. Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. - Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: "Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?" - Respondeu-lhe Jesus: "Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes." (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22.)
4. A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.
Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos homens, sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza dalma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X Itens 1 - 4 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Tudo é Para o Bem

Havia um homem judeu de nome Mahum, que significa Também. Chamavam-no assim porque para tudo o que lhe acontecesse, por pior que fosse, ele afirmava, com toda convicção: Isto também é para o bem!

Se a chuva lhe destroçasse o jardim ou a enxurrada lhe destruísse o labor da horta, repetia sempre: Isto também é para o bem.

E, sem titubear, colocava-se no trabalho de reconstrução do jardim e da horta.

Se a enfermidade o alcançasse, falava: Isto também é para o bem. Medicava-se e aguardava a recomposição das forças físicas, retornando ao labor incessante.

Certa noite, Mahum precisou se deslocar até à cidade vizinha.

Preparou seu burrico, que lhe seria o meio de transporte, o galo que funcionava como seu relógio e despertador, e uma lamparina para que lhe iluminasse o caminho.

Ela deveria servir, inclusive, para que, antes de repousar no seio da floresta que deveria atravessar, pudesse se deter na leitura das escrituras.

Noite alta e ele no coração da floresta. De repente, o óleo da lamparina derramou e ela se apagou.

Ele ficou às escuras. Inesperadamente, o galo começou a passar mal e morreu. Não demorou muito e foi o burrico.

O pobre homem ficou sozinho, na escuridão da floresta, em meio a ruídos estranhos e assustadores.

Mesmo assim, afirmou sem medo: Tudo o que Deus faz é para o bem.

Acomodou-se como pôde e dormiu.

No dia seguinte, o sol o veio despertar, vencendo a fechada copa das árvores. Ele prosseguiu viagem a pé. Quando, muitas horas depois, chegou à cidade, seus conhecidos o olharam com espanto.

Todos pareciam estar vendo um fantasma. Por fim, lhe perguntaram:

Como pode você estar vivo? Soubemos que, ontem à noite, foram despachados soldados romanos à floresta, com o intuito de matá-lo!

Foi então que Mahum explicou tudo que havia acontecido, concluindo: Se minha lamparina não tivesse apagado, o galo e o burrico morrido, com certeza estaria morto. Pois o clarão da lamparina, o zurrar do burrico e o cacarejar do galo denunciariam o local onde me encontrava.

Bem posso continuar a dizer: "Tudo o que Deus faz é para o bem."

* * *

Quando a tormenta se faz mais violenta e as dores se tornam mais acerbas, é o momento de se ponderar porque elas nos atingem.

O bom senso nos dirá sempre que razões poderosas existem, assentadas no ontem remoto ou no passado recente, porque a Divina Providência tudo estabelece no momento próprio e na medida exata.

Deus é sempre a sabedoria suprema e a justiça perfeita, atendendo as mínimas necessidades dos Seus filhos, no objetivo maior do progresso e da redenção.


Redação do Momento Espírita com base em texto do
Correio Fraterno do ABC, de maio/1998.
Em 18.11.2009.

Teresa de Calcutá, Chico do Brasil



Com este título, lemos excelente artigo que nos remeteu a recordações do grande papel desempenhado, no mundo, 
por Madre Teresa de Calcutá e o médium mineiro Francisco Cândido Xavier. 
  


Ambos nasceram no ano de 1910. Ela, Teresa, na Albânia. Ele, Chico, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. 
Ela, católica. Ele, espírita. No entanto, portavam-se um e outro como verdadeiros integrantes da família universal. 
Tinham muito mais em comum do que apenas o ano de nascimento. 


Seu mestre era o mesmo, Jesus. 
Tinham o mesmo sobrenome, amor. 
Nasceram com o mesmo objetivo, servir. 
Ela foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz. 
Ele viveu pacificamente toda a vida. 
Teresa de Calcutá viveu para os menos favorecidos. 
Queria ser pobre. Nunca conseguiu.


Seu coração transbordava riquezas: a nobreza da generosidade, as pérolas da fraternidade, os diamantes da solidariedade. 
Ela dizia, em toda a sua simplicidade, que a felicidade humana é impossível de ser mensurada. 
Como controlar em planilhas estatísticas a felicidade de um faminto que encontra o alimento?


Ela tinha razão. Impossível mensurar a felicidade humana. 
Por isso, trabalhava sem estatísticas, mas em prol da felicidade e dignidade de seus irmãos de caminhada. 


Chico Xavier, do Brasil, o mineiro do século, também queria ser pobre, sem sucesso.
Doou os direitos autorais de seus mais de quatrocentos livros psicografados, que venderam e continuam a vender milhares de exemplares em todo o mundo. 
Poderia ter tido polpuda conta bancária. 
Preferiu a simplicidade. 
Mas, nunca foi pobre. 
Sua vida foi repleta de amigos dos dois planos da vida


Chico era e será, onde estiver, um milionário, um magnata das letras, um ícone da humildade, um pobre das moedas, mas rico de amor... 


Narram que quem se aproximava de Madre Teresa de Calcutá não conseguia conter a emoção, devido à irradiação de sua serenidade e sua intensa energia espiritual.


Aqueles que conviveram com Chico afirmam que sua presença iluminava, acalmava, tranquilizava. 


Chico e Teresa. Teresa e Chico.


Parece que falamos de amigos: Olá, Teresa! Bom dia, Chico! 


Mesmo os que não os conhecemos pessoalmente os sentimos como amigos. 
Falar de suas conquistas, realizações e aventuras é como falar a respeito de amigos, porque entre amigos não há barreiras, inquietações, constrangimentos. 
Teresa e Chico eram amigos do mundo, dos ricos, dos pobres, dos brasileiros, indianos, nigerianos, amigos de todos...


Teresa, de Calcutá e Chico, do Brasil deixaram marcas inesquecíveis e indeléveis. 
Ambos praticavam o amor. 
O convite que nos deixaram é de, dentro de nossas possibilidades, vivermos como eles, servindo e amando para a construção de um mundo mais justo e fraterno. 
Pensemos nisso! 

Redação do Momento Espírita com base no artigo Teresa de 
Calcutá, Chico do Brasil, de autoria de Wellington Balbo, 
de Bauru/SP, publicado na Revista Espírita bimestral 
da Comunhão Espírita Cristã de Lisboa, 
Portugal, de maio/junho/2009. 
Em 03.08.2009. 

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mãos Estendidas


"Estende a tua mão. E ele a estendeu e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra." - (MARCOS, 3:5.)





Em todas as casas de fé religiosa há crentes de mãos estendidas, suplicando socorro . . .
Almas aflitas revelam ansiedade, fraqueza, desesperança e enfermidades do coração.


Não seremos todos nós, encarnados e desencarnados, que algo rogamos à Providência Divina, semelhantes ao homem que trazia a mão seca?


Presos ao labirinto criado por nós mesmos, eis-nos a reclamar o auxílio do Divino Mestre . . .
Entretanto, convém ponderar a nossa atitude.


É justo pedir e ninguém poderá cercear quaisquer manifestações da humildade, do arrependimento, da intercessão.


Mas é indispensável examinar o modo de receber.
Muita gente aguarda a resposta materializada de Jesus.


Esse espera o dinheiro, aquele conta com a evidência social de improviso, aquele outro exige a imediata transformação das circunstâncias no caminho terrestre . . .


Observemos, todavia, o socorro do Mestre ao paralítico.


Jesus determina que ele estenda a mão mirrada e, estendida essa, não lhe confere bolsas de ouro nem fichas de privilégio. Cura-a. Devolve-lhe a oportunidade de serviço.


A mão recuperada naquele instante permanece tão vazia quanto antes.


É que o Cristo restituía-lhe o ensejo bendito de trabalhar, conquistando sagradas realizações por si mesmo; recambiava-o às lides redentoras do bem, nas quais lhe cabia edificar-se e engrandecer-se.


A lição é expressiva para todos os templos da comunidade cristã.


Quando estenderes tuas mãos ao Senhor, não esperes facilidades, ouro, prerrogativas
 . . . Aprende a receber-lhe a assistência, porque o Divino Amor te restaurará as energias, mas não te proporcionará qualquer fuga às realizações do teu próprio esforço.





Emmanuel - Médium: Francisco Cândido Xavier 

Campanha Pela Vida!!


Amigos, hoje estamos iniciando uma campanha para ajudar a salvar a vida de uma criança!!
Trata-se da Gabi, uma linda garotinha que tem uma doença degenerativa (Sandhoff), e que graças ao tratamento vem obtendo melhoras muito significativas!! Mas o tratamento precisa continuar e a família precisa de ajuda!
Por isso estamos contando com a solidariedade de todos vocês!!
Vamos ajudar a salvar uma vida!!




A Gabi nasceu com uma doença rara degenerativa (Sandhoff) e precisa continuar o tratamento com células tronco com terapia genica, mas não é possível aqui no Brasil.
Antes do tratamento a Gabi vivia internada com infecções e respirava com a ajuda de aparelhos. Hoje depois de 2 sessões, já respira sozinha, melhorou,  mas não esta curada, precisamos continuar.
O tratamento custará 55 mil e não temos condições, a cirurgia esta marcada para o dia 23/04.


Quanto vale um filho? Quantas vezes você lutaria por um filho? Um filho não tem preço e nem limite!


Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma. 




Faça uma doação e ajude a Gabi continuar sua luta pela VIDA!! 
Qualquer valor é bem vindo, significa estar mais perto do tratamento... OBRIGADA !!

 

DEUS ABENÇOE!

Acessem  http://www.unidaspelavida.com/  e conheçam mais sobre a história da Gabi!! 





Doença de Sandhoff


Sandhoff é uma doença hereditária rara que causa destruição progressiva das células nervosas no cérebro ea medula espinhal (sistema nervoso central).Clinicamente, não é distingüível da DOENÇA DE TAY-SACHS. 
A forma mais comum e grave da doença de Sandhoff começa na infância. Crianças com este transtorno geralmente parecem normais até a idade de 3 a 6 meses, quando o desenvolvimento diminui e os músculos usados ​​para enfraquecer o movimento. crianças afetadas perdem as habilidades motoras, como virar, sentar e engatinhar. Eles também desenvolvem uma reação de sobressalto exagerada a barulhos altos. Conforme a doença progride, as crianças com a doença de Sandhoff desenvolver convulsões, perda da visão e surdez, retardo mental e paralisia. Uma anormalidade ocular chamada de mancha vermelho-cereja, que pode ser identificado com um exame oftalmológico, é característica da doença.Algumas crianças afetadas também podem ter aumento de órgãos (organomegalia) ou anormalidades ósseas. As crianças com a forma grave da doença de Sandhoff infantil geralmente vivem apenas para a primeira infância.
Outras formas de doença de Sandhoff são muito raros. Sinais e sintomas podem começar na infância, adolescência ou na idade adulta e geralmente são mais leves do que os observados com a forma infantil da doença de Sandhoff. Como na forma infantil, habilidades mentais e coordenação são afetados. Elementos característicos incluem fraqueza muscular, perda da coordenação muscular (ataxia) e outros problemas com o movimento, os problemas de fala, e doença mental.Estes sinais e os sintomas variam muito entre as pessoas com formas de início tardio da doença de Sandhoff.


Quão comum é a doença de Sandhoff?
doença de Sandhoff é uma desordem rara, sua freqüência varia entre as populações. Esta condição parece ser mais comum na população crioula do norte da Argentina, os índios Metis em Saskatchewan, Canadá, e as pessoas do Líbano.
Como as pessoas herdam a doença de Sandhoff?
Esta condição é herdada em um padrão autossômico recessivo, o que significa que as duas cópias do gene em cada célula apresentam mutações. Os pais de um indivíduo com uma condição autossômica recessiva cada carregam uma cópia do gene mutado, mas elas normalmente não apresentam sinais e sintomas da doença.


Tratamento


Atualmente a doença de Sandhoff não tem nenhum tratamento padrão e não tem cura. No entanto, uma pessoa que sofre da doença precisa de uma nutrição adequada, hidratação e manutenção de vias aéreas claro. Para reduzir alguns sintomas que podem ocorrer com a doença de Sandhoff, o paciente pode tomar anticonvulsivantes para gerir crises ou medicamentos para tratar infecções respiratórias, e precisa consumir uma dieta composta de alimentos pastosos devido a dificuldades de deglutição. Crianças com a doença morrem geralmente pela idade de 3 anos devido a infecções respiratórias. O paciente deve estar sob constante vigilância, porque eles podem broncoaspirar, causando pneumonia. A medicação também é dada aos pacientes para diminuir os seus sintomas, incluindo convulsões.
Atualmente, o governo está testando vários tratamentos, incluindo N-butyldeoxynojirimycin em camundongos, bem como tratamento com células tronco em humanos e outros tratamentos médicos

terça-feira, 20 de março de 2012

Sublime Renovação




Tiago, habituado ao jejum, comprazia-se em prece constante.


Envergando a veste limpa, erguia-se de leito alpestre, cada dia, para meditar as revelações divinas e louvar o Celeste Orientador, aguardando-Lhe a vinda.

Extasiava-se, ouvindo as aves canoras que lhe secundavam as orações, e acariciava, contente, as flores silvestres que lhe balsamizavam o calmoso refúgio.


Por mais de duzentos dias demorava-se em semelhante adoração, ansiando ouvir o Salvador, quando, em certo crepúsculo doce e longo, reparou que um ponto minúsculo crescia, em pleno céu.


De joelhos, interrompeu a oração e acompanhou a pequenina esfera luminosa, até que a viu transformada na figura de um homem, que avançava em sua direção...


Daí a minutos, mal sopitando a emotividade, reconheceu-se à frente do Mestre.


Oh! era Ele! A mesma túnica simples, os mesmos cabelos fartos a se Lhe derramarem nos ombros, o mesmo semblante marcado de amor e melancolia...


Tiago esperou, mas Jesus, como se lhe não assinalasse a presença, caminhou adiante, deixando-o à retarguada...


O discípulo solitário não suportou semelhante silêncio e, erguendo-se, presto, correu até o Divino Amigo e interpelou-o:


- Senhor, Senhor! aonde vais?


O Messias voltou-se e respondeu, generoso:


- Devo estar ainda hoje em Jerusalém, onde os nossos companheiros necessitam de meu concurso para o trabalho...


- E eu, Mestre? - perguntou o apóstolo, aflito - acaso não precisarei de Ti no carinho que Te consagro à memória?


- Tiago - disse Jesus, abençoando-o com o olhar -, o soldado que se retira deliberadamente do combate não precisa do suprimento indispensável à extensão da luta... Deixei aos meus discípulos os infortunados da Tera como herança. O Evangelho é a construção sublime da alegria e do amor... E enquanto houver no mundo um só coração desfalecente, o descanso ser-me-á de todo impraticável...


- Mas, Senhor, disseste que devíamos conservar a elevação e a pureza.


- Sim - tornou o Excelso Amigo -, e não te recrimino por guardá-las. Devo apenas dizer-te que é fácil ser santo, à distância dos pecadores.


- Não nos classificaste também como sendo a luz do mundo?


O Visitante Divino sorriu triste e falou:


- Entretanto, onde estará o mérito da luz que foge da sombra? Nas trevas da crueldade e da calúnia, da mistificação e da ignorância, do sofrimento e do crime, acenderemos a Glória de Deus, na exaltação do Bem Eterno.


Tiago desejaria continuar a sublime conversação, mas a voz extinguiu-se-lhe na garganta, asfixiada de lágrimas; e como quem tinha pressa de chegar ao destino, Jesus afastou-se, após afagar-lhe o rosto em pranto.


Na mesma noite, porém, o apóstolo renovado desceu para Nazaré e, durante longas horas, avançou devagar para Jerusalém, parando aqui e ali para essa ou aquela tarefa de caridade e de reconforto. E na ensolarada manhã do sétimo dia da jornada de volta, quando Simão Pedro veio à sala modesta de socorro aos enfermos encontrou Tiago, filho de Alfeu, debruçado sobre velha bacia de barro, lavando um feridento e conversando, bondoso, ao pé dos infelizes.



Humberto de Campos  - Irmao X
Psicografia de Francisco Candido Xavier
Livro: Estante da Vida