Blog do CLE Missionários da Luz (o primeiro Clube do Livro Espírita de Olinda- PE), que tem como objetivo reunir os atuais associados, conquistar novos amigos e divulgar a Doutrina Espírita, praticando um dos belos conselhos do Espírito Emmanuel: "A maior caridade que praticamos, em relação à Doutrina Espírita, é a sua própria divulgação."Sejam todos bem vindos ao nosso Blog!Conheça,divulgue, compartilhe conosco este espaço que é de todos nós!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Usufruto e Paciência



 






Ante as leis da Terra, a propriedade, pertença ao grupo social ou ao indivíduo, é sempre credora de respeito; entretanto, perante a Criação Divina, a idéia do usufruto é grande fator de paciência ao coração.


Se raciocinas em termos de vida eterna, lembrar-te-ás, decerto, que os teus mais valorosos ascendentes vieram à Terra, desfrutaram-lhe os bens e voltaram à Espiritualidade que se nos faz o campo de origem.


Reflete nisso para que os abalos da desvinculação no mundo não te comprometam equilíbrio e saúde.


Os entes mais queridos buscaram-te a companhia ou buscaste a companhia deles, no entanto, surgirá o momento em que se despedirão de ti ou no qual te despedirás deles, sob os imperativos das leis de mudança construtiva, conquanto o amor permanece intacto, prenunciando as alegrias do reencontro.


Os bens que, porventura, reuniste se transferirão de teu nome para outros, sejam esses familiares que se te ligam na consangüinidade ou companheiros diferentes que te conferirão continuidade ao trabalho.


Poder que detenhas, por muito se te demore nas mãos, passará para mãos alheias, considerando-se as transformações inevitáveis.


Influência que possuas cederá com o tempo.


Determinadas faculdades da inteligência, tê-las-ás no Plano Físico, enquanto puderes sustentar-te em corpo relativamente robusto, à maneira do violinista que apenas se manterá em alta forma, enquanto conseguir dispor da integridade do instrumento.


Atentos à realidade de que todos usufruímos recursos que, na essência, não nos pertencem, estejamos alertas, amando sem possessão e servindo sem apego.


Considera a posição de usufrutuário em que te encontras na experiência terrestre e sejam quais forem as circunstâncias adversas em que te vejas no mundo, a paciência não te faltará.




Emmanuel
Livro: Calma - Francisco Cândido Xavier




quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Mais Bela Flor


O bosque estava quase deserto quando o homem se sentou para ler, debaixo dos longos ramos de um velho carvalho.
Estava desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois o mundo estava tentando afundá-lo.
E, como se já não tivesse razões suficientes para arruinar o seu dia, um garoto chegou, ofegante, cansado de brincar.
Parou na sua frente, de cabeça baixa e disse, cheio de alegria:
Veja o que encontrei!
O homem olhou desanimado e percebeu que na sua mão havia uma flor.
Que visão lamentável! Pensou consigo mesmo.
A flor tinha as pétalas caídas, folhas murchas e, certamente, nenhum perfume.
Querendo ver-se livre do garoto e de sua flor, o homem desiludido fingiu pálido sorriso e se virou para o outro lado.
Mas, ao invés de recuar, o garoto sentou-se ao seu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
O cheiro é ótimo e é bonita também...
Por isso a peguei. Tome! É sua.
A flor estava morta ou morrendo, nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas ele sabia que tinha que pegá-la, ou o menino jamais sairia dali.
Então estendeu a mão para pegá-la e disse, um tanto contrafeito:
Era o que eu precisava.
Mas, ao invés de colocá-la na mão do homem, ele a segurou no ar, sem qualquer razão.
E, naquela hora, o homem notou, pela primeira vez, que o garoto era cego e que não podia ver o que tinha nas mãos.
A voz lhe sumiu na garganta por alguns instantes...
Lágrimas quentes rolaram do seu rosto enquanto ele agradecia, emocionado, por receber a melhor flor daquele jardim.
O garoto saiu saltitando, feliz, cheirando outra flor que tinha na mão e sumiu no amplo jardim, em meio ao arvoredo.
Certamente iria consolar outros corações que, embora tenham a visão física, estão cegos para os verdadeiros valores da vida.
Agora o homem já não se sentia mais animado e os pensamentos lhe passavam na mente com serenidade.
Perguntava-se como é que aquele garoto cego poderia ter percebido sua tristeza a ponto de aproximar-se com uma flor para lhe oferecer.
Concluiu que talvez a sua autopiedade o tivesse impedido de ver a natureza que cantava ao seu redor, dando notícias de esperança e paz, alegria e perfume...
E como Deus é misericordioso, permitiu que um garoto, privado da visão física, o despertasse daquele estado depressivo.
E o homem, finalmente, conseguira ver, através dos olhos de uma criança cega, que o problema não era o mundo, mas ele mesmo.
E, ainda mergulhado em profundas reflexões, levou aquela feia flor ao nariz e sentiu a fragrância de uma rosa...




* * *




Verdadeiramente cego é todo aquele que não quer ver a realidade que o cerca.
Tantas vezes, pessoas que não percebem o mundo com os olhos físicos, penetram as maravilhas que os rodeiam e se extasiam com tanta beleza.
Talvez tenha sido por essa razão que um pensador afirmou que o essencial é invisível aos olhos.


Redação do Momento Espírita com base em texto de autoria ignorada.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.
Em 13.03.2012.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A Rigor







Espírito Santo – falange dos Emissários da Providência que 
superintende os grandes movimentos da Humanidade na Terra e no 
Plano Espiritual. 


Reino de Deus – estado de sublimação da alma, criado por ela 
própria, através de reencarnações incessantes. 


Céu – esferas espirituais santificadas onde habitam Espíritos 
Superiores que exteriorizam, do próprio íntimo, a atmosfera de paz 
e felicidade. 


Milagre – designação de fatos naturais cujo mecanismo familiar à Lei Divina ainda se encontra defeso ao entendimento fragmentário da criatura. 


Mistério – parte ignorada das Normas Universais que, paulatinamente, é identificada e compreendida pelo espírito humano. 


Sobrenatural – definição de fenômenos que ainda não se incorporam aos domínios do hábito. 


Santo – atributo dirigido a determinadas pessoas que aparentemente atenderam, na Terra, à execução do próprio dever.


Tentação – posição pessoal de cativeiro interior a vícios instintivos que ainda não conseguimos superar por nós mesmos. 


Dia de juízo – oportunidade situada entre dois períodos de existência da alma, que se referem à sementeira de ações e à renovação da própria conduta. 


Salvação – libertação e preservação do espírito contra o perigo 
de maiores males, no próprio caminho, a fim de que se confie à 
construção da própria felicidade, nos domínios do bem, elevandose a passos mais altos de evolução. 


***


O Espiritismo tem por missão fundamental, entre os homens, a 
reforma interior de cada um, fornecendo explicações ao porquê dos 
destinos, razão pela qual muitos conceitos usuais são por ele restaurados ou corrigidos, para que se faça luz nas consciências e 
consolo nos corações. Assim como o Cristo não veio destruir a Lei, 
porém cumpri-la, a Doutrina Espírita não veio desdizer os ensinos 
do Senhor, mas desenvolvê-los, completá-los e explicá-los “em 
termos claros e para toda a gente, quando foram ditos sob formas
alegóricas”. 
A rigor, a verdade pode caminhar distante da palavra com que 
aspiramos a traduzi-la. 
Renove, pois, as expressões do seu pensamento e a vida renovar-se-lhe-á inteiramente, nas fainas de cada hora. 

André Luiz

segunda-feira, 28 de maio de 2012


"Mas os cuidados deste mundo, os enganos das riquezas e as ambições d´outras coisas,
entrando, sufocam a palavra, que fica infrutífera." - Jesus. (MARCOS, 4:19.)



 A árvore da fé viva não cresce no coração, miraculosamente.
Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do esforço da criatura.


Qualquer planta útil reclama especial atenção no desenvolvimento.
Indispensável cogitar-se do trabalho de proteção, auxílio e defesa. Estacadas, adubos, vigilância, todos os fatores de preservação devem ser postos em movimento, a fim de que o vegetal precioso atinja os fins a que se destina.


A conquista da crença edificante não é serviço de menor esforço.
A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa auréola doada a alguns espíritos privilegiados pelo favor divino.


Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis conseqüências.
A sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo desdobramento cada aprendiz funciona como orientador, engenheiro e operário de si mesmo.


Não se faz possível a realização, quando excessivas ansiedades terrestres, de parceria com enganos e ambições inferiores, torturam o campo íntimo, à maneira de vermes e malfeitores, atacando a obra.
A lição do Evangelho é semente viva.


O coração humano é receptivo, tanto quanto a terra.
É imprescindível tratar a planta divina com desvelada ternura e instinto enérgico de defesa.


Há muitos perigos sutis contra ela, quais sejam os tóxicos dos maus livros, as opiniões ociosas, as discussões excitantes, o hábito de analisar os outros antes do auto-exame.


Ninguém pode, pois, em sã consciência, transferir, de modo integral, a vibração da fé ao espírito alheio, porque, realmente, isso é tarefa que compete a cada um.





Livro: Vinhas de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier




sexta-feira, 25 de maio de 2012

No Reino Em Construção


“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, já eu vo-lo feria dito, pois me vou para vos preparar o lugar.” Jesus - João, 14:2. 
“Entretanto, nem todos os espíritos que encarnam na terra vão para ai em expiação.“ Cap. III, 14. (A presente citação foi extraída de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec).

Escutaste o pessimismo que se esmera em procurar as deficiências da humanidade, como quem se demora deliberadamente nas arestas agressivas do mármore de obra-prima inacabada e costumas dizer que a terra está perdida. Observa, porém, as multidões que se esforçam silenciosamente pela santificação do porvir.
Compulsaste as folhas da imprensa, lendo a história do autor de homicídio lamentável e, sob extrema revolta, trouxeste ao labirinto das opiniões contraditórias a tua própria versão do acontecimento, asseverando que estamos todos no teatro do crime. Recorda, contudo, os milhões de pais e mães, tocados de abnegação e heroísmo, que abraçam todos os sacrifícios no lar para que a delinquência desapareça.
Conheceis jovens que se transviaram na leviandade, desvairando-se em golpes de selvageria e loucura e, examinando acremente determinados sucessos que devem estar catalogados na patologia da mente, admites que a juventude moderna se encontra em adiantado processo de desagregação do caráter. Relaciona, todavia, os milhões de rapazes e meninas, debruçados sobre livros e máquinas, através do labor e do estudo, em muitas circunstâncias imolando o próprio corpo à fadiga precoce, para integrarem dignamente a legião do progresso.
Sabes que há companheiros habituados aos prazeres noturnos e, ao vê-los comprando o próprio desgaste a preço de ouro, acreditas que toda a comunidade humana jaz entregue à demência e ao desperdício. Reflete, entretanto, nos milhões de cérebros e braços que atravessam a noite, no recinto das fábricas e junto dos linotipos, em hospitais e escritórios, nas atividades da limpeza e da vigilância, de modo a que a produção e a cultura, a saúde e a tranquilidade do povo sejam asseguradas.
Marcaste o homem afortunado que enrijeceu mãos e bolsos, na sovinice, e esposas a convicção de que todas as pessoas abastadas são modelos completos de avareza e crueldade. Considera, no entanto, os milhões de tarefeiros do serviço e da beneficência, que diariamente colocam o dinheiro em circulação, a fim de que os homens conheçam a honra de trabalhar e a alegria de viver.
Não condenes a terra pelo desequilíbrio de alguns.
Medita em todos os que se encontram suando e sofrendo, lutando e amando, no levantamento do futuro melhor, e reconhecerás que o Divino Construtor do Reino de Deus no mundo está esperando também por ti.





Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Livro da Esperança. Lição nº 05. Página 29.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Experimente Hoje


Experimente Hoje:

Agradecer a Deus os benefícios da vida e valorizar os recursos do próprio corpo.
Trabalhar e servir além do próprio dever, quanto lhe seja possível.
Observar, ainda mesmo por instantes, a beleza da paisagem que lhe emoldura a presença.
Nada reclamar.
Comentar unicamente os assuntos edificantes.
Refletir nas qualidades nobres de alguma pessoa com a qual os seus sentimentos ainda não se afinem.
Falar sem azedume e sem agressividade na voz.
Ler algum trecho construtivo.
Praticar, pelo menos, uma boa ação, sem contar isso a pessoa alguma.
Cultivar tolerância para com a liberdade dos outros sem atrapalhar a ninguém.
Atendamos diariamente a semelhante receita de atitude e, em breve tempo, realizaremos a conquista da paz.


De “Busca e acharás”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos Emmanuel e André Luiz. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Como Lidar Com a Raiva


“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” - Jesus (Mateus, 5:44)

Todos queremos um mundo melhor. Importante refletir sobre como melhorar nossas vidas. A cultura privilegia o material, o concreto. Daí pensar-se que, para viver melhor, é preciso possuir bens: dinheiro, poder, prestígio, fama. Entretanto, há um aspecto importante, pouco considerado: saber conviver. Ninguém vive só; para se viver bem é necessário saber relacionar com os outros. Seja vizinho, patrão, empregado, colega de trabalho, ou mesmo um familiar. Estamos sempre interagindo. Para uma vida saudável, mais do que ter muitas coisas é importante saber lidar com as pessoas.


Somos pouco evoluídos, ainda. Na caminhada evolutiva, estamos mais próximos do ponto de partida, do que do da chegada (se é que existe uma chegada na evolução do Espírito). Os instintos primitivos ainda predominam sobre as qualidades nobres. Egoísmo, orgulho, ambição, vaidade, ciúmes estão mais presentes em nós do que o altruísmo, a solidariedade, a tolerância, generosidade, perdão, amor. Mas estamos na lei do progresso e, embora lentamente, vamos caminhando para situação melhor. Evoluir é o plano de Deus para todos os seus filhos. Em vista disso, face a pequena compreensão que temos sobre as leis divinas, o mal parece mais forte do que o bem, a matéria ainda predomina sobre o Espírito. A situação se modificará à media que formos evoluindo.


No atual estágio evolutivo, é natural os atritos, os choques de interesse, a competição, os desentendimentos. Surgem os insultos, a raiva, e outros “venenos da alma”. O que fazer?


Jesus nos ensina: “Amai os vossos inimigos e orais pelos que vos perseguem”. Analisando esta recomendação, Allan Kardec considera: “(...) Geralmente nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a esta circunstância. Jesus não pretendia, ao dizer essas palavras, que se deva ter pelo inimigo, a mesma ternura que tem por um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança. Não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele as efusões de amizade, desde que se sabe que é capaz de abusar delas” E mais adiante “Amar aos inimigos é não lhes ter ódio, nem rancor ou desejo de vingança. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-nos, por atos e palavras de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o bem, sem a intenção de humilhá-los” (1)


Para procedermos como falado acima, devemos aprender a lidar com o insulto e a raiva. A ofensa é produzida mais por quem recebe o insulto e o valoriza como tal, do que por aquele que o dirige. Chico Xavier ensinava “não devemos passar recibo” à provocações que recebemos, isto é, não considerar o insulto que nos é dirigido. Se a pessoa está saudável, equilibrada, bem no seu íntimo, se guarda convicção que não é aquilo que o agressor diz, não será atingida pela provocação.


Certas árvores, açoitadas pelo vento, como são flexíveis, invergam e após passar a força destruidora, voltam ao normal. Outras são rígidas, não cedem. Com o impacto do vento se quebram, em parte ou totalmente, e após a tempestade estão arrebentadas, destruídas. Quem recebe o insulto e o não valoriza como tal é como a árvore flexível que “sabe” lidar com a força do vento. Gandhi, perguntado se havia perdoado aos inimigos, respondeu que não. E ante a admiração do repórter, esclareceu que nunca fora atingido pelos ataques dos adversários. Não tinha o que perdoar porque não fora ofendido.


Mas, se nos sentirmos atingidos, sentindo a raiva pelo ataque recebido, vale lembrar que isto é natural, devido a nossa pouca evolução. E o que fazer com a raiva? Não cultivá-la; não alimentar o ódio, desejo de vingança. Não ficar monologando sobre a crueldade, as más qualidades que supomos no ofensor. Ele tem o direito de ser como é; não vamos modificá-lo. Mas ele é nosso irmão, filho do mesmo Pai, subordinado às mesmas leis que se encarregarão de ensiná-lo e transformá-lo; leis que também nos corrige e nos facultam o aperfeiçoamento. Assim, a raiva, com o tempo, passará naturalmente, como o corpo físico que, machucado, ferido, se recompõe e volta ao estado normal.


Procedendo assim, poderemos não estar cumprindo, totalmente, o ensino de Jesus, mas estaremos a caminho para fazê-lo o mais breve possível.

1 - KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI
Fonte: Verdade e Luz, edição 211 – Agosto – 2003

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sexo e Obsessão






Sexo e Fator Obsessão.
Vive-se na Terra, a hora do sexo. O sexo vive na cabeça das pessoas, parecendo haver saído da organização genética onde se sedia. Vulgarizado e barateado pelos meios de comunicação de massa, tornou-se motivo essencial da vida de milhares de pessoas, sempre frustradas e insatisfeitas. Julgando-se a criatura humana como sendo tão somente o corpo, cresce hoje o vil mercado das sensações, em completo desrespeito e desconsideração pelo ser humano.
O homem e a mulher verdadeiros são os seus valores éticos, as suas aspirações, as suas lutas e sonhos, os objetivos nobres que trazem dentro de si. Sitiar a criatura apenas nos vapores da libido desenfreada, como vem acontecendo, é atitude injustificável perante todo o progresso psíquico, emocional e intelectual que nos colocam hoje no patamar da razão.
Alheios a tais aquisições, homens tomam de seus veículos automotores, a vagar pela noite, à procura de uma parceira que lhe satisfaça os impulsos. Forma-se uma corrente mental indirecionada, já que a mulher de seus desejos só existe no seu pensamento. Imediatamente, dezenas de espíritos trevosos captam o “fio mental” do desejo sexual do homem imprevidente e vão em sua direção. Por influência deles é encontrada a parceira ideal, a fim de estarem eles próprios a participar do infeliz ato sexual, porque desprovido dos condimentos do amor.
Sem a afetividade sincera e honesta dando sustentabilidade à relação sexual do ser humano, este se faz presa fácil da parasitose obsessiva que se estabelece. Acoplando-se ao Chakra Coronário, localizado no topo da cabeça, centro vital responsável pela "alimentação das células do pensamento" e relacionado ao funcionamento de todo o sistema nervoso, conforme elucida o espírito Manoel Philomeno de Miranda, em seu livro "Sexo e Obsessão", o desencarnado penetra nas ondas mentais do encarnado e, desta forma, passa a sentir as mesmas e idênticas sensações que sua vítima experiencia. Simultâneo a este acoplamento, ocorre a expansão de uma densíssima massa energética chamada ectoplasma, a qual permite com maior facilidade a absorção das baixas energias da relação sexual do casal desavisado.
Hoje, dessa forma, milhares de criaturas são vítimas das vampirizações espirituais. Se tivessem envolvido as suas vibrações no sentimento sincero do amor; se tivessem resguardado seus canais mediúnicos, que todos temos; se tivessem mantido seus pensamentos em patamar elevado; e não seriam vítimas então desses terríveis conúbios obsessivos.
Urge na Terra a necessidade de uma educação mental por parte das criaturas. O pensamento é força atuante e estamos constantemente rodeados por consciências desencarnadas de toda natureza. Pensar de maneira correta e elevada é atitude de todo aquele que tem o desejo sincero de evoluir, de progredir sem limites no rumo da plenitude que o espera. Conforme as emanações mentais que mantivermos, da mesma forma se apresentará a nossa vida e o nosso comportamento. O ser humano é energia pensante e onde estiver irradiará o que traz dentro de si, atraindo as companhias correspondentes: "Diga-me com quem andas e eu te direi quem és", já dizia o conhecido provérbio popular.
Quando um encarnado mantém o seu pensamento no nível dos prazeres vulgares, sua vibração é sentida pela espiritualidade inferior como se fora um estridente sinal sonoro, uma verdadeira "sirene do desejo"... e então localizam com facilidade o homem e a mulher inadvertidos, de acordo com as afirmações do espírito Galileu Galilei, em seu livro "Amor e Fator Obsessão". Tais emissões vibratórias em suas mentes ocasionam a produção de enzimas psíquicas ou bacilos psíquicos, microscópicos corpúsculos desconhecidos da ciência terrena os quais irão atacar as células reprodutoras masculina e feminina. Ao exaurir as fontes da sexualidade, da vitalidade genésica, provocam transtornos e doenças como o câncer de próstata e o câncer uterino. Da mesma forma, o baixo teor vibratório emitido pela tela mental desorganiza a sede da consciência individual de cada célula, que passam então a funcionar irregularmente, conforme nos esclarece Joanna de Ângelis, em seu livro “Adolescência e Vida”, abrindo o campo receptivo à instalação de várias doenças. Não são os microorganismos visíveis os responsáveis pela causa das doenças, mas sim o psiquismo em deterioramento, que abre um canal enfermiço para todo o corpo perispiritual e físico.
Há casais em nossos dias, os quais entenderam erroneamente que o sexo é tudo, e entregam-se a viciações sexuais de difícil libertação, as quais nem mesmo os especialistas conseguem compreender com facilidade. Enquanto se permitirem licenças morais e aberrações sexuais como vem ocorrendo, desorganizarão sistematicamente toda a sua aparelhagem genésica, o que acarretará doenças inadiáveis, por lesarem com vigor seus perispíritos.
Sob a óptica espírita, portanto, a única maneira de vivenciar a função sexual de forma correta é através do amor. Quando os indivíduos se amam, não ocorre somente a permuta física mas, principalmente, a de ordem psíquica, conforme afirma Walter Barcellos, em "Sexo e Evolução". Os olhares sinceros se encontram e intercambiam raios psíquico-magnéticos que os vitalizam, estimulando a coragem, o ânimo e a alegria de viver. Quanto mais espiritualizado, quanto mais sincero e honesto for o sentimento que une duas criaturas, mais rica e sublime será a permuta magnética entre as duas, que têm a sua intimidade completamente protegida pelos mentores de ambos, os quais utilizando-se dos pensamentos elevados da atmosfera psíquica do casal, constróem a "residência fluídica" que os protegerá de qualquer espírito infeliz.
Já o mesmo não ocorre quando a relação sexual é desprovida de sentimentos nobres, sendo a sua passagem rápida e frustrante, o que gera naqueles a que se entregam sentimentos de vazio e arrependimento – porque não completa, não preenche, não vitaliza -, além de ficar o casal completamente vulnerável à ação da espiritualidade inferior.
O sexo não foi elaborado por Deus a fim de possibilitar tais deleites irresponsáveis, mas sim para o renascimento das vidas, que retornam ao cenário terreno, e para as sensações compensativas das jornadas diárias, na permuta de hormônios que acalmam e da afetividade que robustece as criaturas e as completam. Sendo o espírito neutro na sua sexualidade, possui ambas as polaridades psíquicas, masculina e feminina, e as expressa conforme for o melhor para a sua evolução; ora encarnando como homem, ora encarnando como mulher, com o intuito de desenvolver os sentimentos inerentes a cada polaridade.
Quando a sexualidade, entretanto, é aviltada, vulgarizada e desrespeitada em sua constituição, retorna o espírito em outra polaridade a qual não corresponde ao corpo físico, de forma a não poder dar curso aos seus desejos, esclarece o nobre mentor Bezerra de Menezes. Pode ainda o ser reencarnante vir a ocupar um corpo com sérias limitações mentais, o que impossibilitará – com fins preventivos e terapêuticos -, a elaboração das obscenidades que tanto o prejudicaram, quando o empurraram para o fosso das paixões primitivas.
Considera-se nos nossos dias, o prazer corporal como o único meio de felicitar os indivíduos. Os defensores de tal idéia ignoram, por outro lado, uma série de outros prazeres mais sutis, mas que também são fortemente registrados no psiquismo, fomentando o bem-estar e a alegria de viver. São os prazeres da afetividade sincera, o prazer intelectual que se frui diante do aprofundamento em alguma área do conhecimento, o prazer estético, através das artes e das criações da cultura em toda parte, e ainda o prazer espiritual, decorrente dos mergulhos dentro de si mesmo e do contato com a espiritualidade. Há ainda o prazer cultivado quando acalentamos ideais para nossas vidas, objetivos pelos quais nos esforçamos com empenho e dedicação, planos profissionais ou afetivos, junto daqueles que amamos. Todos esses são prazeres do espírito, da alma humana, uns passageiros, como os prazeres físicos, outros perenes porque abstratos, imateriais, mas que da mesma forma impulsionam o indivíduo para as lutas diárias, para os desafios da caminhada terrena.
Tudo isto constitui o que a benfeitora Joanna de Ângelis considera como sublimação ou transmutação da função sexual. A libido, como a denominou Sigmund Freud, é energia psíquica que pode ser canalizada para várias áreas: para os esportes, para o conhecimento, para a arte, a afetividade... Sempre que nos dedicamos a alguma tarefa ou trabalho, ou mesmo a algum esporte, estamos sublimando ou transmutando energia sexual para diferentes aspectos da vida, a gerar equilíbrio energético e saúde orgânica.
A função sexual, em sua constituição íntima, é criativa das formas físicas, mas principalmente das expressões da beleza, da cultura e da arte, como elucida a mentora de Divaldo Franco, em seu livro "O Despertar do Espírito". Todos os grandes avanços do conhecimento humano, seja através das expressões artísticas ou da ciência, foram frutos desta energia sublimada de homens e mulheres abnegados. Isso não significa ausência de relações sexuais, mas sim o direcionamento criativo da libido para diversas áreas, e não somente para a área genésica.
Nesta tarefa, portanto, de sublimação e transmutação das energias sexuais, devemos tomar ainda o cuidado de não acalentar qualquer sentimento de culpa ou vergonha em relação às sensações fisiológicas, perfeitamente naturais, o que provocaria a repressão de conteúdos para o inconsciente, gerando transtornos e desequilíbrios inevitáveis. Devemos sempre lembrar de que o sexo é obra Divina, elaborado para o crescimento e felicidade das criaturas. A forma como empregarmos as forças sexuais do espírito é que responderá por suas conseqüências – quer sejam de luz ou de trevas.
Torna-se inadiável, e quão urgente, neste momento, que esta visão espiritual da sexualidade seja levada às gerações mais novas, na tarefa de proporcionar uma correta educação para a vida sexual. A educação sexual que os jovens tem recebido nas escolas, na qual somente o corpo físico é abordado, os têm levado à entrega completa aos impulsos fisiológicos, os atirando em viciações e processos obsessivos lamentáveis. Conforme nos adverte Joanna de Ângelis, em seu livro "Adolescência e Vida", "quando se pretende transferir para a Escola a responsabilidade da educação sexual, corre-se o risco, que deverá ser calculado, de o assunto ser apresentado com leveza, irresponsabilidade e perturbação do próprio educador, que vive conflitivamente o desafio, sem que o haja solucionado nele próprio" (1997, pg.21). Certamente existem professores os quais trabalham o tema com dignidade e honradez – embora ignorem os fatores espirituais -, mas, infelizmente, estes constituem exceção. O que se percebe nas aulas ministradas sobre sexo, em sua maioria, é a completa banalização do aparelho genésico, com a utilização de palavreado impróprio e vulgar, além de imagens chocantes, a causar perturbação nos mais tímidos e incitar ao cinismo e à malícia aqueles espíritos que renascem sob a influência de vícios muito arraigados, que longe de serem reforçados, deveriam ser substituídos por hábitos salutares.
A correta educação sexual, sob a óptica do Espiritismo, consiste na aquisição de valores por parte do jovem reencarnante, na introjeção do respeito aos seus semelhantes, aos sentimentos que possuem, seus corpos e individualidade; pois as criaturas hoje são tratadas como objetos – indivíduos descartáveis -, sem qualquer dignidade ou consideração. Ao lado da informação de ordem física, que é necessária, tornam-se indispensáveis os valores éticos e morais para o jovem, as informações espirituais sobre o sexo e suas várias decorrências, a fim de que não tombem nos resvaladouros da vulgaridade dos nossos dias. Sem esses ingredientes, a atual educação sexual se faz ineficiente e perigosa, nos assevera Walter Barcellos.
O Espiritismo, assim, como doutrina de educação das almas, oferece os melhores métodos para tal cometimento, através de seu inestimável patrimônio de saberes, disponível à pais, mães, educadores e todo e qualquer investigador que tenha dentro de si o desejo sincero de conhecer a Verdade.
Este é o grande momento para todos nós que aspiramos a uma vida melhor. Reflexionar em torno dos objetivos da vida e da função sexual é tarefa de todo aquele que pensa e deseja o melhor para si. Cumpre-nos, a todos, somar esforços em favor dos princípios da dignidade, da honradez, dos valores éticos, morais, e principalmente da educação moral das novas gerações, único meio de formarmos um novo homem e uma nova mulher para o porvir, na construção de uma sociedade mais equilibrada e feliz.
Tão logo o ser humano resolver-se pela liberdade ante as amarras que o prendem aos baixos desejos; tão logo decida educar o seu pensamento e manter as suas relações sob os alicerces do amor sincero e puro; libertar-se-á com facilidade das malhas terríveis da obsessão sexual. De outra forma, prosseguirá no fosso das paixões insanas e de difícil libertação.


"Ninguém se engane quanto aos compromissos do sexo perante a Vida.
E cuide também de não enganar a outrem. Cada um responde pelo o que inspira, e pelo o que faz." 


 Manoel Philomeno de Miranda



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Culto da Oração





Quando a aflição te visite o trabalho, desferindo golpes no teu oração ou conduzindo-te às sugestões do mal, recorda-te da oração singela à disposição de todos.
Semelhante a ungüento, não somente cicatriza o peito em chaga aberta, como vitaliza os melhores sonhos perturbados pela nuvem sombria do desespero, devolvendo a esperança e a paz.


Anjo benfazejo, a oração apaga as labaredas do crime, em começo, improvisando recursos de salvação, para que a serenidade retorne, santificante, à direção da consciência.


Não apenas garante a felicidade e harmonia do lar, como também embeleza todas as realizações começantes, oferecendo estímulo novo e coragem, para o êxito total da experiência em que te aprimoras no estágio do mundo.
Não somente consola e sara, mas também ilumina o pensamento turbilhonado, restituindo a calma e o tirocínio para desmanchares os cipós enrodilhados nos teus pés, a te reterem na província da angústia incessante.
Celeiro de bênçãos inesgotáveis, ela é a segurança da família, alimento dos filhos e fortaleza dos pais. Mensageira do Pai Celestial, é a intérprete das tuas aspirações e intercessora dos teus anseios junto aos bem aventurados.


Vertendo-a do coração, em colóquio confiante, asserenam-se as paixões, purificam-se os sentimentos, estabelecem-se diretrizes, moderam-se as necessidades, robustece-se a fé, eleva-se o padrão de serviço; ela harmoniza, em redor de nossa aprendizagem, os patrimônios da honra, do respeito e da saúde espiritual, favorecendo a extensão das menores tarefas, no campo do auxílio aos sofredores.
Esposando-a, dilatam-se os minutos que se enriquecem de experiências sublimes, fazendo a vida mais nobre e digna.


Na Terra, o cristão é qual oásis fértil na aridez dos sentimentos. Solicitado por todos e por todos fiscalizado de perto, é como árvore produtora que todos buscam esfaimados, guardando o direito de a apredrejarem e a ferirem.
Recebe, assim, em silêncio, a perseguição gratuita e o punhal invisível da maldade e planta-os na terra abençoada da oração humilde e nobre onde se consomem todos os adversários da luz, vencidos pela misericórdia do Céu.


E, quanto possível, cultiva a prece em tua alma, com devotamento e confiança e, trabalhando sem desfalecimento, faze dela o teu abençoado guia todos os dias e todas as horas, assegurando, imperturbável, a vitória do bem no roteiro da tua vida.

Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Relato por Yvonne A. Pereira no 3º Congresso Espírita Brasileiro


Amigos e irmãos,abraço-os fervorosamente.

Nesta oportunidade, desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa série de ações, desenvolvidas ao longo de 18 meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas,mesmo as inimagináveis. 
As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos do Espírito. Brotam de um dia para outro, pois os excessos da Humanidade têm reduzido o tempo de reencarnação para um número significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde física, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras. A campanha em Defesa da Vida, conduzida pelos espíritas, é ação que ameniza a situação. Mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido. Assim, passamos ao nosso relato.


Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos. Chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho. Ao contrário, contabilizávamos um número crescente, dia após dia. Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de "escola" - se este é o nome que se pode utilizar - cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio: técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio.

O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimento à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero. Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada à maldade, pode desestruturar o ser humano. Após tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós. Durante algum tempo pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer a matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local. 

Almas devotadas estiveram conosco permanentemente, instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitude do amor. Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em princípio, maiores problemas; o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade.Várias tentativas foram envidadas, neste sentido. Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio. Mas, a vitória chegou, gloriosa, no final da tarde do domingo último,¹ quando, convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor. Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos. Foram momentos de grande emoção que envolveu a todos nós, quando uma nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram a música em prol da paz. A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos. A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para além do recinto, ganhando a cidade.


Brasília se nimbou de luz, no solo, nas águas. À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da Criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições públicas e privadas, residências, tudo, enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do Alto. Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no Extremo e Médio Oriente, atingindo todos os continentes, países e cidades. Alcançou os polos do Planeta, girou em bailado sublime, por breves minutos ao redor da Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito.

Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão.

Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz !


Com afeto.

Yvonne Pereira

(Mensagem psicográfica recebida por Marta Antunes de Moura, na Federação Espírita Brasileira, e Brasília, no dia 22 de abril de 2010)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Mediunidade Mental

Um de nossos correspondentes nos escreve de Milianah (Argélia):


"A propósito do desligamento do Espírito que se opera em todo o mundo durante o sono, meu guia espiritual mo exerce durante a vigília. Enquanto o corpo está entorpecido, o Espírito se transporta ao longe, visita as pessoas e os lugares de que gosta, e reentra em seguida sem esforço. O que me parece mais surpreendente é que, enquanto estou como em catalepsia, tenho o sentimento desse desligamento. Também o exerço no recolhimento, o que me proporciona a agradável visita de Espíritos simpáticos, encarnados e desencarnados. Este último estudo não ocorre senão durante a noite, por duas ou três horas, e quando o corpo, repousado, desperta. Permaneço alguns instantes na espera como depois de uma evocação. Sinto então a presença do Espírito por uma impressão física e logo uma imagem que mo faz reconhecer surgido em meu pensamento. A conversação mental se estabelece, como na comunicação intuitiva, e esse gênero de conversa tem alguma coisa de adoravelmente íntimo. Freqüentemente meu irmão e minha irmã, encarnados, me visitam, acompanhados às vezes de meu pai e de minha mãe, do mundo dos Espíritos.
"Há alguns dias apenas, tive a vossa visita, caro mestre, e pela doçura do fluido que me penetrava, acreditei que era um de nossos bons protetores celestes; julgai de minha alegria em reconhecendo, em meu pensamento ou antes em meu cérebro, como o próprio timbre de vossa voz. Lamennais nos deu uma comunicação a esse respeito, e deve encorajar os meus esforços. Eu não saberia vos dizer o encanto que dá esse gênero de mediunidade.
Se tendes junto a vós alguns médiuns intuitivos, habituados ao recolhimento e à tensão de espírito, eles podem tentar do mesmo modo. Evoca-se, e, em lugar de escrever, conversa-se, exprimindo bem a sua ideia, sem verbiagem
"Meu guia, com freqüência, me fez a observação de que tinha um Espírito sofredor, um amigo que vem se instruir ou procurar consolações. Sim, o Espiritismo é um benefício inapreciável; ele abre um vasto campo à caridade, e aquele que é inspirado de bons sentimentos, se não pode vir em socorro de seu irmão materialmente, o pode sempre espiritualmente."
Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certamente não é feita para convencer os incrédulos, porque ela nada tem de ostensiva, nem desses efeitos que ferem os sentidos; ela é toda para a satisfação íntima daquele que a possui; mas é preciso reconhecer também que ela se presta muito à ilusão, e que é o caso de se desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, dela não se poderia duvidar; pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente; porque o nome de pessoas que sentem, no estado de vigília, a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento que sentem não ser o seu, é considerável; a impressão agradável ou penosa que se sente às vezes à vista de alguém que se vê pela primeira vez; o pressentimento que se tem da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento, são também efeitos que se prendem à mesma causa e constitui uma espécie de mediunidade, que se pode dizer universal, porque todos dela possuem pelo menos os rudimentos; mas para sentir-lhe os efeitos marcantes, é preciso uma aptidão especial, ou melhor um grau de sensibilidade que é mais ou menos desenvolvido segundo os indivíduos. A esse título, como dissemos há muito tempo, todo o mundo é médium, e Deus não deserdou ninguém da preciosa vantagem de receber salutares eflúvios do mundo espiritual, que se traduzem de mil maneiras diferentes; mas as variedades que existem no organismo humano não permitem a todo mundo obter efeitos idênticos e ostensivos.
Tendo esta questão sido discutida na Sociedade de Paris, as instruções seguintes foram dadas sobre este assunto, por diversos Espíritos.

***

Pode-se desenvolver o sentido espiritual, como se vê cada dia uma aptidão se desenvolver por um trabalho constante. Ora, sabei que a comunicação do mundo incorpóreo com os vossos sentidos é constante; ela tem lugar a cada hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. Que os encarnados ousem negar aqui uma lei da própria Natureza!
Vêm de vos dizer que os Espíritos se vêem e se visitam uns aos outros durante o sono: disto tendes muitas provas; por que quereríeis que o mesmo não ocorresse durante a vigília? Os Espíritos não têm noite. Não; constantemente estão ao vosso lado; velam por vós; vossos familiares vos inspiram, vos suscitam pensamentos, vos guiam; eles vos falam, vos exortam; protegem vossos trabalhos, vos ajudam a elaborar vossos desígnios em parte formados, vossos sonhos ainda indecisos; tomam nota de vossas boas resoluções, lutam quando lutais. Estão ali, esses bons amigos, no início de vossa encarnação; riem de vós no berço, vos esclarecem nos vossos estudos; depois se misturam a todos os atos de vossa passagem neste mundo; eles oram quando vêem vos preparar para ir reencontrá- los.
Oh! não, não negueis jamais vossa assistência de cada dia! não negueis jamais
vossa mediunidade espiritual; porque blasfemaríeis Deus, e vos faríeis tachar de ingratidão pelos Espíritos que vos amam.
H. DOZON. (Méd., Sr. Delanne.)



***




Já vos foi dito que a mediunidade se revelaria sob diferentes formas. A que vosso Presidente qualificou de mental está bem nomeada; é o primeiro grau da mediunidade vidente e falante.
O médium falante entra em comunicação com os Espíritos que o assistem; fala com eles; seu espírito os vê, ou antes os adivinha; somente ele não faz senão transmitir o que se lhe diz, ao passo que um médium mental pode, se é bem formado, dirigir perguntas e receber respostas, sem intermediário de caneta nem de lápis, mais facilmente do que o médium intuitivo; porque aqui o Espírito do médium, estando mais liberto, é um intérprete mais fiel. Mas para isto é preciso um ardente desejo de ser útil, trabalhar tendo em vista o bem com o sentimento puro de todo pensamento de amor-próprio ou de interesse. De todas as faculdades medianímicas é a mais sutil e a mais delicada: o menor sopro impuro basta para deslustrá-la. Será somente nessas condições que o médium mental obterá provas da realidade das comunicações. Dentro em pouco, vereis surgir entre vós médiuns falantes que vos surpreenderão por sua eloquência e sua lógica.
Esperai, pioneiros que apressastes de ver vossos trabalhos crescerem; novos obreiros virão reforçar vossa fileiras, e esse ano verá terminar a primeira grande fase do Espiritismo e começar uma fase não menos importante.
E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos; que vos sustente, e nos conserve o favor especial que nos concedeu em nos permitindo vos guiar e vos sustentar em vossa tarefa, que é também a nossa.
Como Presidente espiritual da Sociedade de Paris, velo sobre ela e sobre cada um de seus membros em particular, e peço ao Senhor derramar sobre vós todas as suas graças e as suas bênçãos.
S. LUÍS (Méd., Sra. Delanne).




Fonte: Revista Espírita, Março de 1866

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Jesus, O educador de Almas


Liberta das interpretações tendenciosas de certos teólogos, a Humanidade começa, vagarosamente, a entender, com mais amplitude e profundidade, o que significou, para o mundo, a vinda de Jesus, o Mestre mais perfeito que a Terra conheceu, aquele que baseou seus ensinamentos na pedagogia do exemplo.
Não há um só ensinamento dele que tenha ficado sem o seu testemunho pessoal. Jesus foi simples e minucioso no que ensinou verbalmente e farto na exemplificação. Por isso é que se deve tomá-lo como o Mestre e Guia a ser seguido, e não como um simples intermediador entre o homem e Deus, que teria selado
uma pretensa aliança com o Criador, através do oferecimento do seu sacrifício para a salvação da Humanidade, conforme interpretações equivocadas de teólogos.
O próprio conceito de religião foi modificado a partir dos seus ensinamentos. Com Jesus, aprende-se que religião não é algo mágico a ser levado a efeito no interior dos templos. Não mais aquela ideia de que religião é prática mística, contemplativa, ritualística, cheia de oferendas e fórmulas repetitivas vivenciadas no interior das assim chamadas “Casas de Deus”.
Religião, conforme seus ensinamentos e, principalmente seus exemplos, passou a ser, para aquele que lhe entendeu as lições, um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo, em todos os ambientes, em todos os momentos. Ensinando que Deus está presente em todo o universo, alargou os limites dos templos, ao conceituar o universo como um santuário imenso:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo, 14: 2).
Jesus não foi um Mestre de gestos largos, de atitudes místicas e contemplativas, que vivesse confinado em ambiente religioso, ou em local distante, isolado do convívio diário, longe da vida prática. Pelo contrário, o Mestre sempre conviveu com as pessoas, e, para prevenir qualquer interpretação equivocada, deixou ensinamento lapidar, registrado por dois

evangelistas: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos (...).” (Mt, 10: 16) e “Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.” (Luc, 10: 3). Nem era um profissional religioso: vivia como simples carpinteiro, que causava espanto a alguns, diante do que falava e fazia: “... donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de
Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? e não estão conosco aqui suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Mc, 6: 2 e 3).
Jesus foi um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou no Sermão do Monte: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens (...).” (Mt, 5: 16). Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de privilégios: “(...) e então dará
a cada um segundo as suas obras.” (Mt, 16: 27).
Trouxe uma nova dimensão ao entendimento humano, através de uma mensagem que é um verdadeiro desafio, no sentido de seus discípulos transcenderem os limites da lei antiga, que preconizava “olho por olho, dente por dente”: “(...) se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mt, 5: 20). “Ouvistes o que
foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; (...).” (Mt, 5: 42 e 43).
Jesus não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender porque deveria agir desse ou daquele modo. O Sermão do Monte, que para muitos é apenas um hino ao sentimento, é, também, uma forte mensagem à inteligência, ao raciocínio: “E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe
dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos pedirem?” (Mt, 7: 9 a 11).
O Mestre levou o entendimento, a compreensão, o uso do raciocínio, ao campo da fé. A fé ensinada por Jesus transcende os limites da emoção, do sentimento, por associar-se a um componente essencial: a razão. Inquestionavelmente, a fé raciocinada começou com Jesus.
“Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” (Mt, 6: 26). Ao ensinar a criatura a não criar fantasias sobre a fé, mostra a linha divisória entre aquilo que deve ser objeto da preocupação do homem, e o que deve ser entregue a Deus, perguntando: “E qual de
vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?” (Mt, 6: 27).
A educação religiosa que Jesus propicia ao homem leva-o a conscientizar-se de que não será através de orações repetidas que estaremos agradando a Deus: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.” (Mt, 6: 7).
Nem através de oferendas ou bajulações: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta.” (Mt, 5: 23 e
24).
No Seu trabalho educativo do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem entendeu o Apóstolo João, que registrou: “Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (I Jo, 4: 20).

Significativo é o diálogo entre o doutor da lei e Jesus, conforme relatado no Evangelho de Lucas (10: 25 a 37): “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” Ali se vê um homem, conhecedor profundo das leis religiosas, a ponto de citá-las de cor, logo que inquirido por Jesus: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Deu, 6:5 e
Lev. 19: 18). Efetivamente, os judeus sabiam de cor esses dois mandamentos maiores.
Entretanto, quando Jesus lhe disse: “Faze isso e viverás”, aquele homem não compreendeu, porque para ele não havia conexão entre o preceito religioso, que lhe enfeitava o campo intelectual, com a vida prática, a ponto de perguntar: “Quem é o meu próximo?” Para aquele homem “próximo” era uma palavra mágica, sagrada, usada nos momentos religiosos, no templo, sem nenhum significado real na chamada vida profana. Daí o seu espanto. Estranhou que Jesus lhe recomendasse a aplicação do preceito religioso à vida comum. Sabendo da distância que havia entre os preceitos religiosos e a vida em sociedade, é que o Mestre contou-lhe a Parábola do Bom Samaritano, mostrando que aquele homem – desprezado pelos judeus – fez sua oferenda a Deus, não diante de um altar, mas através do mais legítimo representante
de Deus: o próximo!
Ele próprio deu-se como exemplo no serviço a Deus na pessoa do próximo. Curava sempre, impondo as mãos sobre os doentes, embora não precisasse fazê-lo para curar (vide cura do servo do centurião: Mt, 8: 5 a 13), mas o fez para ensinar, recomendando que se fizesse o mesmo: “... e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.” (Mc, 16: 18). Deixou bem claro, também, a gratuidade da prática religiosa: “... de graça recebestes, de graça dai.”
(Mt, 10: 8).
Vê-se, assim, que Jesus trouxe à Terra uma mensagem religiosa sem precedentes.
Simples, sem ser superficial; profunda, sem ser complicada.
Uma concepção religiosa libertadora não agrada àqueles que desejam exercer o poder religioso. Estes procuram conservar a religião como algo mágico, místico, extático, complexo a ponto de a ela só terem acesso os doutos e os sábios, pessoas pretensamente especiais, que estariam mais habilitadas a intermediarem as mensagens das criaturas ao Criador.
Jesus concedeu uma verdadeira carta de alforria à Humanidade, em relação à
intermediação sacerdotal, ao informar a criatura humana de que ela tem o direito legítimo e inalienável de se comunicar com seu Criador, diretamente, em qualquer lugar onde se encontre, dando como exemplo o lugar onde se dorme: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te
recompensará.” (Mt, 6: 6). Ao se meditar sobre esse ensinamento, percebe-se o quanto sua mensagem foi deturpada pelos teólogos, que ensinam terem certas pessoas determinadas prerrogativas de serem ouvidas por Deus, como se fossem advogados a levarem agradecimentos ou a reivindicarem determinadas benesses, numa prática desenvolvida em meio a rituais completamente estranhos aos ensinamentos e aos exemplos de Jesus, com a
agravante de serem remunerados.
Jesus libertou a criatura humana também da necessidade do comparecimento ao templo, a fim de ali encontrar-se com Deus. O Mestre jamais convidou alguém a orar num templo. Pelo contrário, quando a Samaritana manifestou-se no sentido de adorar a Deus no Templo de Jerusalém, o Mestre desautorizou tal atitude, dizendo-lhe: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Deus é espírito e importa que os que

O adoram O adorem em espírito e em verdade." (Jo, 4: 21 e 24). Para Jesus não havia santuários, lugares especiais. Seus ensinamentos, suas curas, suas orações sempre foram levados a efeito onde quer que ele se encontrasse.
Ele foi crucificado exatamente pela coragem de contrapor-se ao poderio sacerdotal, àquela verdadeira ditadura religiosa.
Infelizmente, com o passar dos tempos, o eixo da mensagem cristã foi-se desviando, saindo da área do estudo, da meditação e do serviço à luz da oração consciente, passando às práticas exteriores.
Essas verdades religiosas simples, que estiveram ao alcance de humildes pescadores, de viúvas e de deserdados, foram, com o passar do tempo, relegadas a segundo plano, tendo sido postos em primeiro lugar o ritual, a solenidade, o manuseio de objetos de culto, a vela, o vinho, a fumaça, os cantochãos, as roupas especiais e todo um conjunto imenso de práticas exteriores alienantes, buscadas no judaísmo e no paganismo romano, que distanciavam o homem cada vez mais do esforço de auto-aprimoramento preconizado por Jesus.
Os pronunciamentos libertadores de Jesus não foram objeto de estudo pelos teólogos, que criaram as liturgias, os sacramentos, e, pior ainda, a hedionda teoria das penas eternas, desfazendo a imagem do Deus Misericordioso, tão bem delineada pelo Mestre.
A mensagem cristã foi apequenada, podada, enxertada por aqueles que dela se
apossaram, ao construírem uma religião atemorizadora e salvacionista, com base em atitudes místicas e na crença de que seria o sangue de Jesus o remissor dos pecados da Humanidade.
Foi enfatizada a adoração extática a Jesus-morto, em detrimento do esforço em seguir Jesusvivo.
O Mestre veio trazer a certeza de que Deus é Pai, é Amor, é Misericórdia, contrapondo-O à figura apresentada no Velho Testamento, que mostrava o Criador como alguém iracundo, vingativo, capaz de ter preferências por determinados povos e abominação por outros.
Infelizmente, o Pai Misericordioso, tantas vezes demonstrado por Jesus, foi negado pelos teólogos, ao criarem o Inferno de penas eternas. Em verdade, Jesus falou de sofrimento após a morte, mas nunca com a possibilidade de ser eterno. Pelo contrário, disse: “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.” (Mt, 5: 26)
Mas, o Mestre, conhecedor da fragilidade humana, sabia que, de alguma forma, isso iria acontecer, por isso, prometeu o Consolador: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (Jo, 14: 26)


José Passini
Juiz de Fora
passinijose@yahoo.com.br



Bibliografia: A Bíblia Sagrada
Trad. João Ferreira d’ Almeida
Ed. Sociedade Bíblica Britannica e Estrangeira – 1937